Espaço família

Quase extintas do mercado, as peruas compactas mostram que têm muito a oferecer, principalmente custo de manutenção inversamente proporcional ao espaço no porta-malas

Peruas compactas: para quem precisa de espaço para malas, mas quer gastar pouco

Depois do surgimento de minivans, o mercado de peruas no Brasil entrou em franco declínio, sendo que apenas algumas poucas marcas mantiveram este tipo de veículo nos portfólios. Uma pena.

Dois representantes são Fiat Palio Weekend (talvez o mais antigo de todos, entre as peruas compactas, no mercado desde 1997), e Peugeot 207 SW, que chegou em 2008 para substituir o 206 SW, mas parou de ser fabricado no início deste ano. Em comum, a silhueta e os generosos compartimentos de carga, que no Fiat é de 460 litros, e no Peugeot, 313 litros, mas que podem chegar a  1.136 litros com os bancos rebatidos.

207 SW

A versão avaliada nesta reportagem é o Peugeot 207 SW 1.6l XS Auto, que tem diversas qualidades, porém ainda sofre bastante com a desvalorização na hora da revenda, e esta foi uma crítica feita por todos os consultores do Jornal Farol Alto. “Não tem preço de revenda e isso decepciona os clientes”, afirmou Claudio Cobeio, da CobeioCar. “Por falta de valor de revenda, meus clientes que tiveram Peugeot nunca mais voltaram a comprar carros da marca”, disse Francisco Carlos, da Stilo Motores.

O 1.6 litro 16 válvulas do Peugeot é moderno e anda bem, além de ser econômico

Para se ter ideia, uma zero Km sai por R$ 45.225, de acordo com tabela Fipe. Ao retirar o carro da concessionária, desvaloriza para R$ 39.081. O modelo 2009 avaliado nesta edição tem preço de tabela de R$ 26.396, e é um veículo que tem diversos equipamentos de série, como câmbio automático, freios ABS e airbag duplo, ar-condicionado com controle automático de temperatura, som com bluetooth, entre outros.

Outro ponto negativo destacado pelos consultores do jornal é o fato de contar com sistemas eletrônicos mais complexos, que exigem utilização de mão de obra qualificada para realizar as manutenções. “Não é como o Fiat que qualquer um consegue mexer. O Peugeot precisa de equipamentos específicos e procedimentos que nem todos sabem aplicar”, afirmou Sergio Torigoe, da AutoElétrica Torigoe. “Porém, quando se encontra oficina especializada, este problema desaparece”, completou.

Palio Weekend

O motor 1.8 litro é da GM, de concepção antiga e elevado consumo

Já o Palio Weekend para este comparativo é o HLX 1.8 2007, cotado em R$ 23.747. Apesar de ser mais barato do que o Peugeot, é dois anos mais velho, só tem câmbio manual, e todos os equipamentos de série encontrados no 207 SW são opcionais no Fiat. “O Peugeot é mais confortável,  tem motor mais econômico e moderno”, afirmou Eric Faria, da 3E Motors.

Os consultores do Jornal Farol Alto foram unânimes nas opiniões sobre o Palio Weekend 1.8 Flex 2007: é um carro bom e robusto, mas com mecânica antiga e de elevado consumo. “Mesmo com motor 1.8 litro, o Fiat não se destaca em desempenho, em relação ao Peugeot”, afirmou Eric. “O Palio Weekend é um carro conhecido, confiável e de fácil manutenção, mas o motor é antigo e beberrão”, afirmou Sergio Torigoe, da AutoElétrica Torigoe.

O Fiat tem mais espaço no porta-malas: 460 litros ante 313 do Peugeot

“Tenho diversos clientes taxistas que utilizam o Palio Weekend como veículo de trabalho e alguns deles já ultrapassaram os 400 mil Km em perfeito estado, tanto motor quanto acabamento interno, só com cuidados básicos de manutenção preventiva”, disse Claudio Cobeio, da CobeioCar. “É carro para bater no dia a dia”, completou.

Quem também recomenda o Fiat de olhos fechados é o consultor Francisco Carlos, da Stilo Motores. “É um carro que tem abundância de peças no mercado de reposição e é fácil de reparar. Esse eu compro e recomendo”, disse.

Notas

As notas dos consultores deixaram clara a preferência do Fiat sobre o Peugeot, apesar de o Palio ser menos sofisticado do que o 207 SW.

O que surpreendeu foram os custos de peças do Peugeot, principalmente em concessionária, que revelaram ser menor do que as praticadas pela Fiat.

Só o francês tem abertura independente do vidro do porta-malas

Assim, o fato de o 207 SW ter obtido resultado inferior nesta avaliação deve-se principalmente à forma que a marca trabalha o pós-vendas e também a revenda do produto que ela mesma faz. “Se o concessionário da Peugeot não valoriza o carro  na revenda, na hora que o cliente vai trocar por um mais novo, dificilmente consegue fidelizá-lo”, afirmou Eric Faria, da 3EMotors.

*Valores de referência encontrados na região Leste da cidade de São Paulo. Podem variar de acordo com marca e localidade.