Dupla injeção, como funciona?

Para responder essa pergunta, os consultores automotivos Farol Alto foram ao novo Centro de Treinamento da Audi conferir a novidade

Os consultores automotivos da revista Farol Alto-100% Motor e o consultor técnico da Audi, Lothar Werninghaus (agachado)

Os consultores da revista Farol Alto e o consultor técnico da Audi, Lothar Werninghaus (agachado)

Desde o segundo semestre de 2013, os veículos da Audi tem sido gradativamente equipados com sistema de dupla injeção de combustível, que combina em um único motor as tecnologias da injeção direta (FSI) e indireta (MPFI), com claro objetivo de atingir níveis elevados de economia e, consequentemente, redução de emissões de gases.

O sistema é complexo, assim como a engenharia por trás dele, principalmente a de software para controle e gerenciamento do sistema, que para o motorista é totalmente transparente e imperceptível. É praticamente impossível dizer em qual momento é a injeção direta ou indireta que está alimentando o motor.

Porém, a prerrogativa da ideia é simples, e remonta de um passado distante, quando os carros ainda eram equipados com carburador. “Utilizamos o conceito de harmônica do carburador e o recriamos eletronicamente”, afirmou o consultor técnico da Audi, Lothar Werninghaus, aos consultores automotivos Farol Alto, em visita exclusiva realizada no novo Centro de Treinamento da marca, em São Paulo.

A bomba de alta pressão, com divisão interna para alta e baixa pressão, no motor 1.8 TFSI; à direita, gráfico do plano de injeção do primeiro motor 1.8 TFSI, de 2013, com identificação das injeções direta e indireta

A bomba de alta pressão, com divisão interna para alta e baixa pressão, no motor 1.8 TFSI; à direita, gráfico do plano de injeção do primeiro motor 1.8 TFSI, de 2013, com identificação das injeções direta e indireta

“Isso significa que em velocidade constante, é possível enganar a relação estequiométrica e rodar vários quilômetros quase sem pisar no acelerador, injetando o mínimo de combustível necessário somente para o motor não apagar”, explicou Werninghaus ao comentar que nesta situação o motor dupla injeção dos Audi trabalha apenas com a injeção indireta.

Para obter o resultado esperado, o sistema utiliza todos os sensores disponíveis no controle e gerenciamento do motor, atrelado ao pedal do acelerador. “O sistema lê a quantidade de torque requerida por meio da pressão efetuada pelo motorista ao pisar no acelerador, consulta os diversos sensores do motor e calcula o tempo de injeção. Depois informa a quantidade de torque disponibilizada pelo motor e corrige dependendo da variação do acelerador”, explicou o técnico da Audi.

Mecanicamente, o motor conta com uma bomba de combustível de alta pressão, de 200 bar, que possui uma derivação de baixa pressão, 6 bar, e alimenta os respectivos injetores.

“A partida do motor é sempre com uma injeção FSI simples, porém dependendo do motor temos diversos planos de injeção”, afirmou ao explicar que no motor V6 EA837, o mais recente lançado, que equipa os Audi A6, A7 e o novo Q7, de 333 cv, há até quatro planos diferentes de injeção: 3 injeções diretas FSI + 1 indireta MPFI, 2 diretas FSI + 1 MPFI, 1 FSI + 1 MPFI, e somente 1 MPFI. “Todas são escolhidas a partir da demanda de aceleração do carro”, concluiu.