Cunha x Dilma: quem perde é você…

Independente de quem vencer esta queda de braço, a conta será paga por todos os contribuintes; na melhor das hipóteses, o PT sai fortalecido, e na pior, teremos saudades de 2015, no ano que vem…

Mais uma vez esse dedico este espaço para um assunto que não tem nada a ver com as notícias do setor automotivo, mas são (ou deveria ser) de interesse de todos nós, brasileiros. A queda de braço entre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e a presidente da República, Dilma Rousseff, só fará uma vítima: o povo brasileiro.

A partir de agora, pagaremos mais este pato, e em dobro, pois ao invés de os “nobres” deputados irem para casa descansar no recesso de fim de ano, ficarão em Brasília, fazendo hora extra, para decidirem se processam ou não a presidente. E com isso, lá se vão alguns milhões de reais a mais em forma de pagamento para “profissionais” sem nenhum tipo de serventia, a não ser fazer isso mesmo: atrapalhar a vida de quem é honesto.

Mas o pior ainda está por vir. Se o Cunha vencer e for instaurado inquérito contra a presidente Dilma, perdemos pois o PMDB sai fortalecido, o vice Michel Temer assume interinamente até o fim do processo, que pode levar até seis meses no Senado, e neste período teremos um primeiro semestre de 2016 repleto de dúvidas, incertezas e desespero.

Por outro lado, pode ser que o governo consiga impedir que tudo isso vá adiante e neste caso perdemos novamente, pois neste cenário teremos um PT fortalecido, pois impedir um impeachment é tarefa hércula, e se a base governista conseguir este feito, terá certeza de que consegue fazer o que bem entender até o final de 2018 e, mais ainda, eleger o próximo presidente, dando continuidade a mais do mesmo.

Então, se você é um desses que está comemorando a “coragem” do Cunha, saiba que nada do que ele fez é nobre e dignifica o povo brasileiro, mas, sim, mesquinho e vingativo, para tentar livrar a própria cara, uma vez que corre o risco de ser caçado por corrupção. É este o espírito dos políticos brasileiros. Chegou a hora do cada um por si e o último que ficar, apague a luz. O Brasil, que um dia já foi o país do futuro, hoje é um local de pragas que precisam ser exterminadas.

Fim do poço
Para a indústria automotiva, o ideal é este imbróglio político termine o quanto antes, ainda mais agora que as vendas estabilizaram, e aparentemente a crise chegou ao fundo do poço.

“O cenário mostra que se faz cada vez mais necessário resolver os entraves políticos, que corroem a economia brasileira, com o estabelecimento de uma agenda positiva para alavancar os pilares de sustentação da confiança e da retomada do crescimento”, disse o presidente da Anfavea, Luiz Moan Yabiku Junior, durante entrevista coletiva, ao ressaltar que a média diária de vendas em novembro apresentou ligeiro aumento com relação a outubro, fato que confirma a expectativa de estabilidade do ritmo de licenciamento esperada pela associação para este último trimestre.Cunha x Dilma: quem perde é você…

De acordo com os números da Anfavea, em novembro foram vendidos 195,2 mil veículos, ante 192,1 mil registrados em outubro. Porém, em relação a novembro do ano passado, o resultado é desastroso, com queda de 33,8 % na vendas (294,7 mil unidades). No acumulado do ano, a retração é de 25,2%. De janeiro a novembro deste ano foram vendidos 2,341 milhões de veículos, ante 3,128 milhões em igual período de 2014. Com este resultado, a indústria automotiva brasileira retorna aos patamares de 2007.

Já em relação a produção, no último mês foram montados 176 mil veículos, o que representa retração de 14,2% se comparado com as 205,1 mil de outubro e de 33,5% se defrontado com novembro do ano passado, com 264,8 mil unidades. Até o penúltimo mês deste ano 2,28 milhões de unidades deixaram as linhas de montagem: retração de 22,3% frente a 2014, que registrou 2,94 milhões de veículos produzidos.

Historicamente, dezembro costuma ser um bom mês, com aumento médio de 20% nas vendas de veículos. Porém, este ano, isso não deverá acontecer. A Anfavae espera fechar 2015 com vendas totais em torno de 2,540 milhões de unidades e para atingir esta meta precisa vender mais 199 mil, um pouco mais do que realizou nos últimos dois meses. Tomara que as ações do Planalto não atrapalhem ainda mais os planos deste ano, que já foi mais do que conturbado.

Boa leitura,
Alexandre Akashi
Editor

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