Carro no Brasil: pague 2 e leve 1

Carro no Brasil nunca foi um produto para classes C e D. Têm preço de aquisição elevado e alto custo de manutenção

Alexandre Akashi Editor

Alexandre Akashi
Editor

José Carlos Finardi Editor técnico

José Carlos Finardi
Editor técnico

Apesar de as vendas de carros zero km estarem cerca de 30% menores do que no ano passado, o mercado automotivo não está totalmente parado. Com medo de assumir um carnê com prestações à perder de vista, o consumidor tem buscado auxílio nas oficinas mecânicas, para deixar o carro usado em condições boas o bastante, até que a tempestade passe.

Isso não significa, no entanto, que as oficinas estão ganhando rios de dinheiro, pois a crise chegou a elas também. Diferentemente dos bons tempos, em que o dono do carro mal olhava para o valor da conta, hoje presta atenção em tudo, e não faz nada além do extremamente necessário. Se der para adiar, adia.

Já do lado das montadoras, uma das armas que lhes restam para tentar amenizar a queda de vendas são os novos produtos, como os lançamentos que destacamos nesta edição: Mercedes-Benz GLC e GLE Coupé, Audi Q7 e principalmente o Fiat Toro, que foi idealizado anos atrás, quando todos ainda estavam com sorrisos de orelha a orelha.

Trata-se de um carro de nicho, que tinha tudo para ser um sucesso, mas chegou com menos festa. Conta, claro, com mais conteúdo e tecnologia, e logicamente, preço compatível, sugerindo que não é para a grande massa, que hoje sofre para pagar o carnê adquirido há três anos e que ainda restam mais quatro para pagar.

A verdade é que carro no Brasil nunca foi um produto para classes C e D. Têm preço de aquisição elevado e alto custo de manutenção, a começar pelo combustível, que nem sempre é confiável, e impostos, que sempre são cobrados independente do estado do veículo.

No entanto, o carro próprio é um sonho de consumo, e quanto mais caro, maior o status. Deve ser por isso que brasileiro gosta de pagar caro pelo automóvel. É um comportamento que o consumidor estrangeiro não entende.

Porém, de certa forma, o preço do carro no Brasil não é assim tão caro. Estudo apresentado pela Anfavea no início do mês indica que o carro mais barato produzido no País, o Fiat Palio Fire Economy 1.0 2p custa apenas 7.326 dólares, ou R$ 28.360, usando a taxa média de dezembro/2015 onde 1 dólar valia R$ 3,87.

Desse valor, 37,2% são impostos diretos (para veículos 1.0. Para 1.0 a 2.0, sobe para 41,2% e acima de 2.0, para 43,7%), e existem ainda os impostos embutidos, que as empresas pagam ao comprar insumos necessários para a produção mas que não geram créditos, como material de escritório, alimentos etc. “Com tudo isso o brasileiro paga dois, mas só leva um”, afirmou o presidente da Anfavea, Luiz Moan Yabiku Junior.

E ainda assim querem o retorno de mais uma taxa, a CPMF, com forma de tentar resolver o rombo nos cofres públicos causado por má administração do próprio governo. Mais imposto para reduzir ainda mais o poder de compra do consumidor e agravar ainda mais a crise.

Boa leitura,
Os editores
Alexandre Akashi e
José Carlos Finardi