Carro no Brasil: pague 2 e leve 1
Carro no Brasil nunca foi um produto para classes C e D. Têm preço de aquisição elevado e alto custo de manutenção
Apesar de as vendas de carros zero km estarem cerca de 30% menores do que no ano passado, o mercado automotivo não está totalmente parado. Com medo de assumir um carnê com prestações à perder de vista, o consumidor tem buscado auxílio nas oficinas mecânicas, para deixar o carro usado em condições boas o bastante, até que a tempestade passe.
Isso não significa, no entanto, que as oficinas estão ganhando rios de dinheiro, pois a crise chegou a elas também. Diferentemente dos bons tempos, em que o dono do carro mal olhava para o valor da conta, hoje presta atenção em tudo, e não faz nada além do extremamente necessário. Se der para adiar, adia.
Já do lado das montadoras, uma das armas que lhes restam para tentar amenizar a queda de vendas são os novos produtos, como os lançamentos que destacamos nesta edição: Mercedes-Benz GLC e GLE Coupé, Audi Q7 e principalmente o Fiat Toro, que foi idealizado anos atrás, quando todos ainda estavam com sorrisos de orelha a orelha.
Trata-se de um carro de nicho, que tinha tudo para ser um sucesso, mas chegou com menos festa. Conta, claro, com mais conteúdo e tecnologia, e logicamente, preço compatível, sugerindo que não é para a grande massa, que hoje sofre para pagar o carnê adquirido há três anos e que ainda restam mais quatro para pagar.
A verdade é que carro no Brasil nunca foi um produto para classes C e D. Têm preço de aquisição elevado e alto custo de manutenção, a começar pelo combustível, que nem sempre é confiável, e impostos, que sempre são cobrados independente do estado do veículo.
No entanto, o carro próprio é um sonho de consumo, e quanto mais caro, maior o status. Deve ser por isso que brasileiro gosta de pagar caro pelo automóvel. É um comportamento que o consumidor estrangeiro não entende.
Porém, de certa forma, o preço do carro no Brasil não é assim tão caro. Estudo apresentado pela Anfavea no início do mês indica que o carro mais barato produzido no País, o Fiat Palio Fire Economy 1.0 2p custa apenas 7.326 dólares, ou R$ 28.360, usando a taxa média de dezembro/2015 onde 1 dólar valia R$ 3,87.
Desse valor, 37,2% são impostos diretos (para veículos 1.0. Para 1.0 a 2.0, sobe para 41,2% e acima de 2.0, para 43,7%), e existem ainda os impostos embutidos, que as empresas pagam ao comprar insumos necessários para a produção mas que não geram créditos, como material de escritório, alimentos etc. “Com tudo isso o brasileiro paga dois, mas só leva um”, afirmou o presidente da Anfavea, Luiz Moan Yabiku Junior.
E ainda assim querem o retorno de mais uma taxa, a CPMF, com forma de tentar resolver o rombo nos cofres públicos causado por má administração do próprio governo. Mais imposto para reduzir ainda mais o poder de compra do consumidor e agravar ainda mais a crise.
Boa leitura,
Os editores
Alexandre Akashi e
José Carlos Finardi