Motor regulado polui menos

A poluição do ar é questão de saúde pública e deveria ser levada mais à sério pelas autoridades brasileiras

Pode ser que o leitor já saiba disso, mas o que não sabe, com certeza, é o quanto um motor desregulado polui a mais do que um com a manutenção em dia.

Em 2013, carros emitiram 423 mil toneladas de CO, 72 mil toneladas de HC

Em 2013, carros emitiram 423 mil toneladas de CO, 72 mil toneladas de HC

Medir isso é fácil. Basta comparar o consumo de do carro antes e depois de ter o motor revisado e regulado. Quanto mais combustível é queimado para percorrer a mesma distância, maiores são as emissões de gases poluentes na atmosfera.

Por isso, a recomendação dos consultores automotivos do Jornal Farol Alto é a revisão anual do veículo como um todo, para que sejam avaliados todos os itens de mecânica e segurança.

Saúde pública

Fumaça deveria se combatida com mais rigor pelas autoridades

Fumaça deveria se combatida com mais rigor pelas autoridades

O assunto é sério a ponto de ser estudado por diversas entidades. Um dos mais recentes estudos, divulgado em outubro do ano passado, realizado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) aponta que 12% dos automóveis em circulação em território paulista (cerca de 2 milhões de veículos) têm mais de 20 ano de uso e são responsáveis pela emissão de 45% de alguns dos principais poluentes que afetam a qualidade do ar, como monóxido de carbono (CO) e de hidrocarbonetos não-metano (NMHC).

Efeito de gases poluentes é similar ao do cigarro

Efeito de gases poluentes é similar ao do cigarro

O relatório da Cetesb, chamado Emissões Veiculares no Estado de São Paulo 2013, mostra que as emissões totais no Estado, em 2013, foram de 423 mil toneladas de monóxido de carbono (CO), 72 mil toneladas de hidrocarbonetos não-metano (NMHC), 1,6 mil toneladas de aldeídos (RCHO), 192 mil toneladas de óxidos de nitrogênio (NOx), 5,5 mil toneladas de material particulado (MP) e 15 mil toneladas de óxidos de enxofre (SOx).

Os automóveis e as motocicletas foram os maiores emissores de CO e de NMHC, e os caminhões foram os maiores emissores de MP, NOx e SO2. O relatório traz ainda uma estimativa das emissões de gases de efeito estufa provenientes dos veículos automotores, que totalizaram 41 milhões de toneladas.

Segundo o estudo, em 2013 a estimativa da frota circulante no Estado era de aproximadamente 14,8 milhões de veículos, sendo 9,8 milhões de automóveis, 1,9 milhões de comerciais leves, 540 mil ônibus e caminhões, e 2,6 milhões de motocicletas.

Todas essas informações justificam um elevado número de mortes e internações hospitalares por conta da poluição do ar. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)mostram que sete milhões de pessoas morreram por contaminação do ar em 2012, no mundo. No estado de São Paulo, pesquisa divulgada pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade contabiliza 100 mil mortes entre 2006 a 2011.

Além disso, a OMS revela ainda que 2,6 milhões de pessoas morrem em 2013 prematuramente por ano em todo mundo, decorrente da contaminação atmosférica. São pessoas que já possuem algum tipo de doença ligada ao sistema respiratório ou em condição de risco, assim como idosos e recém nascidos, que são mais suscetíveis à variação dos índices de poluição. Só na Região Metropolitana de São Paulo são cerca de 8 mil mortes e no Estado de São Paulo 18 mil, todos os anos, devido aos particulados, de acordo com o Instituto Saúde e Sustentabilidade em 2013.

Soluções
Uma das formas de minimizar isso é através da inspeção veicular e por meio de políticas para incentivar a renovação da frota, apesar de o Estado de São Paulo possuir uma das frotas mais jovens do país, com idade média de 8 anos. Conscientizar o cidadão também é uma alternativa válida, com campanhas publicitárias de incentivo à manutenção preventiva do automóvel.

Outra solução é trabalhar de forma mais inteligente os horários de pico com objetivo de reduzir lentidões e congestionamentos, além de incentivar o consumo de veículos híbridos e elétricos, que quando parados não emitem gases tóxicos nem de efeito estufa.

Fato é que nos últimos anos a tecnologia tem ajudado a melhorar o quadro, porém somente isso não é o suficiente. É preciso mais austeridade e bom senso.