Suspensão – Buracos à vista

Saiba como evitar desgaste excessivo dos componentes, mesmo rodando nas vias brasileiras

suspensão explodidaaMuitos brasileiros já sonharam em ter uma fábrica de amortecedores e molas, pois da forma como as ruas e avenidas das cidades são esburacadas esta é uma atividade muito rentável.

Já houve casos em que os buracos passaram de vilão a mocinhos, pois são extremamente eficazes na redução da velocidade, e isso chegou a ajudar evitar atropelamentos.

Porém, não é possível se enganar. Buracos são extremamente prejudiciais à saúde, tanto das pessoas quanto dos automóveis. “O impacto dos amortecedores é bem maior em ruas irregulares, acarretando desgaste prematuro nos componentes de suspensão do veículo”, afirma Jair Silva, supervisor de serviços da Nakata.

A dica do especialista para prolongar a vida útil dos amortecedores é manter o alinhamento e balanceamento em dia. “A forma como o condutor dirige também interfere no desgaste das peças”, diz.

O amortecedor não é, no entanto, a única peça do sistema de suspensão que sofre desgaste. Diretamente ligados a ele estão os componentes de borracha: coifas de proteção da haste, os batentes, que ajudam as molas a absorver impactos, e os coxins nas extremidades das peças metálicas, que servem para amortecer o impacto entre os componentes e evitar ruídos metálicos.

Já entre os componentes metálicos, destaque para molas, bandejas, junta homocinética e terminais de direção e tirante da barra estabilizadora (mais conhecida como bieleta).

Com exceção das molas, são peças que podem amassar com o impacto de um buraco, e isso afeta toda geometria da suspensão, o que pode causar danos aos pneus.

Sinais
Segundo Silva, os motoristas devem ficar atentos aos sinais que indicam o momento da troca de amortecedores, entre eles, aumento de distância da frenagem, desgaste de pneus, sensação de oscilação da carroceria, vazamento de fluido, balanço excessivo nas arrancadas, tendência de aquaplanagem em solo alagado e do veículo sair para o lado de fora nas curvas, ou seja, perda de aderência.

Testes realizados pela Monroe indicam que o amortecedor desgastado ou recondicionado aumenta em mais de 2,5 metros o espaço necessário para frear, caso esteja rodando a uma velocidade de 80 km/h.

Outro ponto crítico é o excesso de trepidações, que torna a viagem desconfortável. O amortecedor com apenas 50% de eficiência também pode aumentar em 26% o cansaço do motorista, elevando consideravelmente o perigo.

Manutenção
Assim, os fabricantes recomendam realizar a revisão dos amortecedores no máximo a cada 10.000 quilômetros após o veículo rodar 40.000 km ou quando houver algum sintoma que possa indicar desgaste (pneu desgastado de forma irregular, barulho, perda de estabilidade em curvas).

Caso haja necessidade de troca de amortecedores é aconselhável substituir coxins e batentes e optar por peças novas para assegurar não só as características do veículo, mas também a segurança e a eficiência.

“É importante salientar que o período pode variar de acordo com as condições de uso do automóvel. Veículos que trafegam em estradas bem pavimentadas tendem a apresentar menor desgaste do que os que circulam por pistas irregulares. Ou seja, a vida útil dos amortecedores está diretamente ligada às condições de uso do carro”, afirma Juliano Caretta, coordenador de Treinamento Técnico da Monroe.

Junta homocinética
Projetada para transmitir de forma constante o torque do motor às rodas a junta homocinética requer alguns cuidados para que seja garantida a vida útil. “O excesso de torque e trancos na arrancada podem provocar maior desgaste na peça”, afirma Jair Silva, da Nakata.

Segundo ele, veículo com problema de alinhamento e que esterce acima do máximo recomendado pode até provocar a quebra da junta homocinética. Excesso de c arga e trancos também podem danificar a peça.

“É preciso ficar atento nas curvas. Ruídos e estalos ao esterçar o veículo podem ser sinais de que está na hora de fazer a manutenção na junta homocinética”, ressalta, acrescentando que graxa no piso também pode indicar problemas na peça. Já se o barulho for originado ao acelerar o carro em linha reta pode ser defeito na junta deslizante do lado do câmbio.

A coifa, que é a manga de borracha que protege a junta homocinética da contaminação de resíduos como poeira, chuva e lama, também pode rasgar. “Uma vez cortada, há penetração de abrasivos para o interior da coifa e perda de graxa, o que ocasiona desgaste e marcas profundas que provocarão ruídos”, adverte.

A recomendação é fazer uma avaliação entre 5 e 10 mil km, especialmente, da coifa. A durabilidade da junta homocinética pode ser extensa dependendo das condições de uso do veículo. Em caso de quebra de qualquer uma das juntas, o veículo não traciona e para de funcionar.

Silva lembra também que caso ocorra a troca da junta homocinética é necessário realizar o alinhamento do veiculo.