A qualidade e o preço da vida
Carro com mais qualidade deve custar mais? Claro que não! E o motivo é lógico: quanto mais qualidade tem o produto, menor é o custo e maior a produtividade
Setembro foi um mês cheio de novidades no setor automotivo, mas o principal deles foi sem dúvidas a chegada do novo Golf, que diferentemente do passado, vem para o Brasil com a mesma configuração que é encontrado na Europa.
Trata-se portanto de um veículo moderno, com tecnologia de ponta, alinhada ao que existe nos mercados mais exigentes. Mas a melhor notícia é que existem boas chances de o modelo ser produzido aqui, o que deve puxar o desenvolvimento tecnológico da indústria de autopeças.
Importado da Alemanha, o novo Golf vai agitar o mercado, com certeza, pois desde a versão de entrada, há sob o capô toda tecnologia Audi, que tem se mostrado uma das montadoras mais inovadoras do mercado.
A presença de um veículo como o novo Golf no Brasil alinhado com o que há de melhor na Europa eleva o padrão de qualidade do brasileiro quando o assunto é automóvel. Já não é mais possível conviver com produtos que não oferecem total satisfação, que antes mesmo de começar a usufruir necessita reparos.
A qualidade percebida pelo consumidor está mais apurada e as montadoras já perceberam isso. Porém, o preço que se paga pela qualidade ainda é alto no Brasil. O preço de um veículo é muito maior aqui do que em países com Estados Unidos, Europa e Japão. Até mesmo nossos vizinhos argentinos e uruguaios pagam bem menos pela posse de um veículo do que nós, brasileiros.
Tal como a consultora Leticia Costa, presidente da Prada Associados, falou durante o 1º Fórum da Qualidade Automotiva, realizada pelo IQA – Instituto da Qualidade Automotiva, em São Paulo, no mês passado, produto de qualidade não custa mais caro, pelo contrário, quanto mais qualidade menor o custo de produção e maior a produtividade.
Assim, a história de que carro X ou Y custa mais caro porque tem mais qualidade é conversa para ‘boi dormir’. Ou tem qualidade ou está fora do mercado.
Claro que temos de ter consumidores educados, e esta é a parte mais difícil do negócio, pois não se ensina cidadania na escola. Se queremos produtos com mais qualidade e seguros, precisamos de leis que obriguem os fabricantes a fazê-los assim. E por isso no ano que vem 100% dos automóveis zero Km vendidos no Brasil deve ter airbags e freios ABS.
Alguns modelos já anunciaram a aposentadoria, como a Kombi (já estava na hora, o Brasil ainda é o único país no mundo a produzir o modelo!). Outros, ainda não, mas também devem ter a produção interrompida. O único efeito colateral desta iniciativa é que o carro vai ficar mais caro. Mas é o preço a se pagar pela segurança. Afinal, quanto vale uma vida?
Boa leitura
Alexandre Akashi – Editor