Trimestre de tristezas e muitas incertezas

Os resultados do primeiro trimestre mostram que se a situação político-econômica não for estabilizada logo, algo de muito ruim pode acontecer a longo prazo

Tal como havíamos previsto no final do ano passado, o embate Dilma x Cunha no cenário político brasileiro paralisou a economia do País. Os resultados do primeiro trimestre mostram que se a situação político-econômica não for estabilizada logo, algo de muito ruim pode acontecer a longo prazo.

Porém, o que mais assusta é que não há a quem recorrer. Não existe liderança a seguir, não existe um grupo, um partido político ou uma figura pública com um plano para fazer do País um lugar melhor para se viver. O que há é uma porção de espertalhões loucos para tomar o lugar de quem hoje está no poder para fazer o mesmo que é feito há séculos: explorar o povo.

As manifestações populares mais pareciam carnaval fora de época, em que milhares saíram às ruas para se fantasiar e festejar. Muitos nem sabiam por que estavam na avenida, mas foram reivindicar o impeachment da presidente Dilma, pois acreditam que sem ela tudo se resolverá como um passe de mágica.

Outros pediam a volta da ditadura. A esses, nem me esforço em tecer comentários. Pobres almas. A revolta do povo contra o PT é justificável. Afinal, o Partido dos Trabalhadores matou a esperança da nação. O que um dia foi um alento, uma expectativa de salvação, hoje virou um partido qualquer, cheio de espertalhões loucos para explorar o povo.

Mas, o que incomoda é a personificação do mal que estão fazendo em torno do nome do ex-presidente, da atual e do PT, como se a solução para todos os problemas fosse a aniquilação deles. Não é bem assim. Eles erraram e devem ser punidos, mas antes deles há outros, muitos outros que erraram também, ainda erram e ninguém se atreve a mexer uma palha para descobrir as maracutaias que estão envolvidos.

Dizem, os mais politizados, que ainda existe gente honesta no Congresso Nacional (Senado e Câmara dos Deputados). Pode até ser que sim, mas não acredito, pois lamentavelmente o brasileiro tem uma necessidade cultural de ser melhor do que o vizinho, ter mais coisas e ser mais querido. E somos educados para venerar o que vem de fora e desprezar o que podemos fazer por nós mesmos. Somos educados de forma errada, pois nossos antepassados vieram para cá apenas explorar a terra fértil e voltar ricos.

Infelizmente foram enganados e a grande maioria não voltou para o país de origem. E quem ficou, amargou. Alguns poucos prosperaram e se juntaram aos antigos coronéis ou se tornaram eles mesmos os coronéis. Precisamos, então, de um líder, que tenha orgulho de ser brasileiro, que tenha respeito pelos outros brasileiros, e que ensine aos brasileiros que é bom ser brasileiro. Em 2002, muitos achavam que esse cara era o Lula, mas ele decepcionou. Mostrou que apesar da origem pobre, queria mesmo era ser coronel.

Agora somos órfãos. Mais do que nunca. E como todo órfão, vamos dormir esperando o dia clarear. E só. Tem sido assim nos últimos três meses, pois como investir sem saber se haverá o que comer amanhã? E assim será até que uma força externa decida dar um basta por nós, ou que floresça bom senso na comunidade política brasileira.

Os editores
Alexandre Akashi e
José Carlos Finardi

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