Pensar faz bem à saúde

Povo burro é mais fácil de controlar e o brasileiro emburrece sistematicamente. Isso é bom para quem?

No início do mês passado (abril), o Ipea – Instituto de Pesquisas Aplicadas divulgou nota retificatória sobre o estudo de tolerância à violência contra a mulher e casos de estupro, que em primeiro momento havia revelado que 65% dos brasileiros acredita que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas (estupradas).

A notícia dos 65% gerou muita polêmica em todo tipo de meio de comunicação. Ficou dias na boca do povo, que considerou absurdo o pensamento pequeno e mesquinho do brasileiro em relação ao comportamento feminino de se vestir sensualmente para atrair a atenção de outras pessoas.

Socialmente falando, o resultado de 65% é um problema e demonstra a falta de educação de um povo, retrato de anos de desleixo por parte dos administradores públicos na provisão de ensino para a população.

Mas, depois de tudo, a bomba maior caiu sobre o Ipea: o resultado não era exatamente o anunciado. O número correto era 26% e não 65%. Não era a grande maioria da população que acha que mulher que se veste de forma sensual merece ser atacada, mas apenas 1/3. O Ipea levou uma semana para descobrir que havia um erro de troca de gráficos, e os técnicos comentaram que acharam estranho o resultado, mas só foram checar depois de a lambança estar feita.

Este episódio abriu uma cova na credibilidade do instituto. Que outra pesquisa podemos confiar? Quem vai checar os dados? Este é um problema que o Ipea vai ter de superar, pois a imagem ficou manchada.

Análise do resultado
Independentemente do número, 65% ou 26%, fato é que há um problema sério na quantidade de vagas na educação pública assim como na qualidade. O povo brasileiro emburrece sistematicamente e isso é bom para quem?

A análise do resultado desta pesquisa sócio-comportamental deve ser feita de forma profunda, pois já não estamos mais na idade média em que o bruto pega o que quer na base da força. Há anos vivemos na democracia de direitos, mas também, e infelizmente  na ditadura econômica.

Quem pode pagar tem acesso a ensino de qualidade, quem não pode, desenvolve pensamentos medievais. Fato é que é mais fácil controlar os ignorantes. Basta dar a eles popozudas rebolando na TV aos finais de semana, um pouco de drogas entorpecentes legais e algumas migalhas.

Isso ajuda a vender também, pois associado a tudo colocam objetos de desejo como roupas, jóias, perfumes, celulares, carros e demais bugigangas tecnológicas para que consumam de forma desenfreada.

E, na onda do consumismo, compramos o que está disponível. No caso dos automóveis, temos modelos compactos, com baixo índice tecnológico e preços absurdos, que fazem os gringos rirem de nós. E com razão, mas para nós, o que vale é que temos carros, certo? Não importa se lá fora é possível comprar dois ou três carros iguais ao preço de um. Afinal, moramos no Brasil e não lá fora.

O brasileiro precisa aprender a pensar, pois somente assim vai ganhar respeito. É isso que esta publicação começa a fazer a partir desta edição. Falamos sobre veículos e queremos que todos aprendam como funcionam para que possam cuidar deles da melhor forma possível. Para tanto, é preciso que saibam analisar informações de forma crítica e com sabedoria, para depois saber como agir. Pensar faz bem à saúde.

Alexandre Akashi Editor

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