Muito trabalho a fazer

Por que somente nossas autoridades não conseguem enxergar além do umbigo?

Mês passado realizamos o 1º Pit Stop dos Consultores Automotivos do Jornal Farol Alto e o resultado é assustador: nenhum carro nem motocicleta avaliado estava com todos os itens em ordem. Sempre havia alguma coisinha para ser feita, em alguns casos simples demais até, que o dono do próprio carro pode (e deve) fazer, como calibragem dos pneus, ou ainda a desatenção de alguma pessoa que colocou lubrificante em excesso no motor do carro.

Os números mostram que é preciso ficar alerta e há muito trabalho a fazer, principalmente o governo e os técnicos e proprietários de oficinas mecânicas, pois muitas vezes o dono do carro não sabe que anda sobre uma bomba prestes a explodir. Cabe a estes agentes o maior esforço para conscientizar a sociedade da importância da manutenção preventiva, além de ser uma responsabilidade social de cada proprietário de veículo.

Já demorou para o governo Federal instituir a inspeção técnica de segurança, que avalia as reais condições de rodar dos veículos. Este tipo de ação minimiza os riscos de acidentes, pois obriga o dono do veículo a mantê-lo em ordem. Minimiza ainda as mortes por problemas respiratórios, pois motor bem regulado emite menos gases nocivos e de efeito estufa.

Nossa edição, nossos consultores mostram que estão fazendo a parte deles, assim como os patrocinadores desta ação: Personal Car, Nakata, Ampri, ZF Services e Dayco. São empresas que ganham com isso, mas também enxergam os benefícios gerais para a sociedade.

Na página 10, apresentamos um resumo dos números coletados nas 53 vistorias realizadas em automóveis de passeio. Expressamos os valores em percentuais, pois mesmo com uma amostra pequena, é possível ter ideia da dimensão do problema. E é possível tirar uma conclusão interessante: a extinta inspeção veicular ambiental, apesar de todas as críticas, trouxe resultados positivos, pois enquanto alguns itens apresentam percentual de 30%, 40% ou até mesmo 50% de casos, as emissões de gases ficaram em 17% dos veículos avaliados, índice similar ao último ano de ‘Controlar’.

Não defendemos que o mesmo modelo deve retornar, mas sim um mais completo, em que itens de frenagem e teste computadorizado de amortecedores sejam avaliados, assim como estado geral do veículo e itens de segurança obrigatórios, como estepe, macaco, triângulo, cintos de segurança, extintor de incêndio etc..

Híbridos
Nesta edição mostramos também a avaliação de cinco veículos com motor elétrico, sendo que somente dois estão disponíveis no mercado. Foi uma experiência única, pois a tecnologia já está pronta e falta pouco para que seja acessível à maioria dos brasileiros.

O carro híbrido ou 100% elétrico é a solução para o transporte urbano onde os índices de poluição atmosférica é elevado. Porém, antes mesmo de trocar a motorização dos automóveis, seria interessante começar pelos meios de transporte públicos e veículos de carga urbano, os VUCs, que atualmente são, na maioria, movidos à diesel, e enquanto não houver uma forte atualização da frota, a idade média permanece elevada, o que significa motores menos eficientes.

Imaginem se todos os ônibus fossem elétricos. Além de menor emissões, o ruído seria menor também. E pensem como seria bom não ficar atrás de um caminhão da década de 1970 no congestionamento nas marginais…

Por que somente nossas autoridades não conseguem enxergar além do umbigo?

Alexandre Akashi
Editor

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