Verdades que doem

Brasileiro não tem vergonha de ser coitado. Se tivesse, não pagaria ágil para comprar carro zero em ano de crise econômica e recessão. Mas, para fazer inveja ao vizinho, vale tudo, certo?

Recentemente li um texto que me perturbou, pois havia muita verdade nele. Acredito que muitos também devem ter lido, pois se espalhou nas redes sociais como um vírus. O texto era um desabafo de um norte-americano que morou três anos no Brasil, e ao ir embora deixou uma lista de motivos para ter odiado nosso País.

Se de fato o texto foi escrito por um gringo, pouco importa. O conteúdo, porém, é para ser estudado e analisado por todos os brasileiros, do mais humilde ao mais culto, do mais pobre ao mais rico, do mais introvertido aos políticos, enfim, todo mundo, inclusive quem não sabe ler.

É um texto que conta muito sobre nós, brasileiros, da forma como agimos, nos comportamos e fazemos as coisas. É crítico e muitas vezes agressivo, e diz muitas verdades doloridas, que estamos cansados de saber mas, como somos brasileiros, ainda aguardamos alguém para agir por nós, e nos salvar de nós mesmos. Mas é um texto necessário.

Pena que o brasileiro não tem vergonha de ser um coitado. Se tivesse, esse texto nunca teria sido escrito. Compramos os produtos industrializados mais caros do mundo, só para mostrar para os outros que podemos pagar, e quem não pode comprar se faz de coitado, de pobrezinho, um infeliz que não teve sorte na vida, e quando finalmente consegue atingir algum objetivo, age como aqueles que fizeram dele motivo de chacota. Isso é ser brasileiro.

Carro e moto
Esta edição inicia uma nova seção, o Consultor 2 Rodas, em que nossos colaboradores de motocicletas avaliam sob o ponto de vista mecânico as motocicletas que rodam pelas ruas brasileiras.

Nossos especialistas são os consultores Valter e Diego Tartalho, da oficina Somoto, na zona Norte. Nesta edição, a atenção é para a Kawasaki ER-6n, um naked de 650 cc, boa de pilotar mas cara de manter, tanto em relação à manutenção preventiva quanto ao seguro.

E por falar em Kawasaki, fomos conferir o lançamento oficial da superesportiva Ninja H2 no Brasil, que o colaborador Marcel Mano, do chassisblog.com, revelou detalhes antecipadamente na edição passada. Até o preço ele acertou, uma vez que a moto será oferecida por R$ 120.000.

Para esta edição, Mano traz um especial sobre os 40 anos da Honda Gold Wing, estradeira que quebrou paradigmas e iniciou uma nova onda entre motociclistas. O comparativo da primeira Gold Wing com as atuais é muito interessante.

Já entre os carros o grande destaque é o Nissan Novo Versa, que ganhou novo motor 1.0 3 cilindros e promete alavancar ainda mais as vendas da Nissan no Brasil, apesar deste ser um ano extremamente difícil para quem vive de vender carro zero km.

E a tendência é ficar cada vez pior pois somente este mês foram pelo menos três lançamentos de SUVs compactas, para concorrer contra o então soberano Ford EcoSport: Honda HR-V, Jeep Renegade e Renault Duster. Além disso, em fevereiro, a JAC lançou o T6, que apesar de mais caro, também entra na lista de concorrentes, e o Peugeot 2008, que muito em breve estará nas concessionárias.

Dizem que com a concorrência, quem ganha é o consumidor, e é uma verdade desde que ele saiba consumir, o que não é forte do brasileiro. O Honda HR-V, por exemplo, tem ágio para compra, pois a procura é muito maior do que a oferta. O carro é bom? Até é, mas não justifica uma fila de compra. E isso porque estamos em plena crise econômica.

Mas crise só existe para uma parcela da população, aquela que paga impostos tal qual manda a lei, aos pequenos, médios e microempresários, que dependem da classe média para sobreviver. A grande maioria que recebe bolsa auxílio do governo e a pequena parcela mais rica da população, que detém 90% da riqueza, para estes crise só há nos noticiários.

E como disse o gringo no desabafo: “Os brasileiros são agressivos e oportunistas, e, geralmente, à custa de outras pessoas. É como um “instinto de sobrevivência” em alta velocidade, o tempo todo (…) Então, por que eles fazem isso? É só porque eles podem, porque eles veem a oportunidade, por que eles querem ganhar vantagem em tudo. Eles sentem que precisam sempre de tomar tudo o que podem, sempre que possível, independentemente de quem é prejudicado como resultado”. Pena que ele não está 100% errado…

Boa leitura
Alexandre Akashi
Editor

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