Ford Fiesta 1.6 Sigma – 8.000 Km com bielas tortas

Em dezembro, o carro passou por área alagada e esta pode ter sido a causa do entortamento dos componentes

Em 2011, a Ford apresentou ao mercado brasileiro o New Fiesta 1.6 16V Flex e o novo motor Sigma, em substituição ao RoCam, de 8 válvulas, com diversas melhorias, sendo uma delas o bloco e cabeçote de alumínio, mais leve, mais tecnológico, mais moderno.

  • Colaboradores da Cabeio Car removem o motor do Ford Fiesta para trocar o bloco que rompeu após quebra de uma das bielas
  • Ao desmontar o motor, uma das bielas estava despedaçada e outra torta
  • O bloco novo ao lado do velho, com rasgo na lateral
  • No carter, pedaços de alumínio do bloco e da biela, e água misturada no óleo lubrificante
  • Detalhes do estrago provocado pela biela, no bloco do motor
  • Fratura da biela fez um rasgo no bloco de alumínio

Tinha (e ainda tem) design, carisma e nada mais do que Ken Block como garoto propaganda, e as manobras mais iradas do mundo.

Só era caro. Importado do México, custava acima de R$ 50 mil, na época. Hoje, fabricado no Brasil, custa a partir de R$ 45.790, com motor 1.5. Os 1.6 partem de R$ 52.790 e podem chegar a mais de R$ 63 mil, com câmbio automático de dupla embreagem.

O modelo da reportagem é um 1.6 SE 2012/2013, avaliado pela tabela Fipe em R$ 37.241. Chegou de guincho à oficina Cobeio Caro, do consultor automotivo do Jornal Farol Alto, Claudio Cobeio, após parar de funcionar enquanto rodava a 80 km/h em uma rodovia de São Paulo.

Na oficina
consultor-8opiniaoA primeira avaliação do nosso consultor mostrou que o prejuízo era grande no Fiesta. “O motor estourou, consigo ver que o bloco de alumínio foi rompido e é por isso que a traseira está toda cheia de óleo”, comentou após abrir o capô e observar o motor superficialmente.

Na bancada, já com o motor desmontado, Cobeio realizou um diagnóstico mais preciso. O bloco de alumínio do motor realmente havia sido rasgado por uma biela, que se rompeu. Uma outra estava torta.

Para entender como isso aconteceu, Cobeio questionou o cliente sobre a forma de condução do veículo, e descobriu que o carro sempre foi usado de forma moderada, sem abuso de aceleração, e as trocas de óleo sempre foram feitas de forma correta. “Mas, em dezembro do ano passado, durante uma viagem, ele passou por uma área alagada, o que causou um leve calço hidráulico, e provavelmente foi este o motivo das bielas entortarem”, comenta Cobeio, ao revelar que a biela que se rompeu também estava torta.

“Interessante foi que o carro rodou de forma normal por exatamente 8 mil quilômetros até o material sofrer fadiga e se romper”, diz Cobeio. Este caso gera uma dúvida: como classificar o veículo? Excelente, pois mesmo depois de um calço hidráulico rodou 8 mil Km até estragar de vez, ou com uma falha que deve ser resolvida, uma vez que o veículo não mostrou nenhum sinal de problemas durante todo esse tempo?

De fato, rodar tanto tempo é um bom sinal, de que o motor é robusto, e que apesar do problema é capaz de levar os ocupantes para o destino, mas se neste tempo houvesse algum tipo de sistema de alerta de defeito, o custo do conserto teria sido bem menor do que os quase R$ 8 mil reais gastos para a troca parcial do motor.

“O mais interessante de tudo é que mesmo com a biela torta o carro não deu nenhum sinal de defeito, nem mesmo na marcha lenta”, afirma Cobeio. Segundo o reparador, apesar de o motor ter taxa de compressão elevada (11:1), o sistema de injeção eletrônica compensou a diferença de altura do cilindro no ponto morto superior (PMS), e manteve o motor funcionando normalmente. “Se em algum momento o carro tivesse dado um alerta de problema, o defeito teria sido detectado e corrigido antes de o motor estourar”, comenta Cobeio.

Atenção à junta da bomba de óleo

Novo bloco tem um furo a mais

Novo bloco tem um furo a mais

Durante o serviço de troca do bloco do motor, Cobeio recebeu orientação da concessionária que forneceu o componente para a necessidade de troca da bomba de óleo. Realizado o procedimento, o reparador percebeu, porém, que havia um vazamento de óleo.

Ao investigar o problema, descobriu que o problema ocorria justamente na emenda da bomba de óleo com o novo bloco e, ao comparar os componentes, descobriu que o bloco novo contém um furo adicional na região da bomba de óleo, inexistente no bloco antigo e, como a concessionária não enviou novas juntas e as antigas estavam em perfeito estado, optou-se por utilizar as originais.

“Porém, as originais não vedam o novo furo, e a bomba de óleo que sugeriram trocar, não tem nada de diferente da anterior. A única necessidade é utilizar uma junta compatível com o novo bloco. Se a bomba de óleo está ok, não é preciso trocá-la”, comenta Cobeio.

Ficha técnica
Ford Fiesta 1.6 16V SE 2012/2013
Motor: dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16V, flex (gasolina e etanol)
Cilindrada: 1.596cm³
Potência: 115/110 cv @ 6.250 rpm (etanol/gasolina)
Torque: 16,2/15,8 kgfm @ 4.250 rpm (etanol/gasolina)
Câmbio: manual, 5 marchas
Direção: elétrica
Tração: dianteira
Pneus: 195/50 R16
Freios: discos ventilados na dianteira e tambor na traseira
Dimensões: comprimento, 4.064 mm; largura, 1.697 mm; altura 1.446 mm: entre-eixos, 2.489 mm
Peso: 1.145 Kg
Volumes: tanque de combustível: 47 l; porta-malas: 290 l
Desempenho: aceleração de 0 a 100 km/h: 16s velocidade máxima: 162 km/h