Revisões para baixo

A crise apertou e Anfavea e Abraciclo revisam projeções 2015 para baixo. Por outro lado, o setor de reposição espera aumento de negócios, mas é preciso ser consciente: a recessão é para todos

Abril foi um mês repleto de novidades no setor automotivo, principalmente no aftermarket por conta da realização da Automec 2015, maior feira de autopeças da América do Sul. Grandes empresas como Affinia, Cobreq, Sampel, Valeo, Dayco, Delphi, Bosch, Tecnomotor, Magneti Marelli, Gates, Sabó, Sogefi, MTE-Thomson, Alphatest, Cobreq, Federal Mogul, KS, Saint Gobain, Taranto, Man+Hummel, Keko, Tecfil, NGK, ZF, entre outras mostraram novos produtos e tecnologias.

As entidades do setor também comparecerem e mostraram que estão mais interessados em interagir com o consumidor final, o dono do carro, responsável por levar o veículo à oficina e realizar a devida manutenção. Prova disso é o aplicativo para smartphones lançado na feira, o app Carro 100, disponível nas plataformas iOS e Android, nas respectivas lojas virtuais.

O Carro 100 é um programa que avalia a necessidade de troca das peças de desgaste natural de acordo com o perfil de utilização do veículo de cada motorista, individualmente. O programa utiliza as recomendações básicas de manuteção dos fabricantes de autopeças e estima, por meio de cálculos da quilometragem rodada por mês e tipo de trânsito que o veículo trafega, o tempo até o fim de vida útil dos componentes como pastilhas de freios, filtros, óleo motor, pneus etc.

Mercado
O primeiro trimestre do ano encerrou em queda de vendas de automóveis zero Km na ordem de 17%, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), com emplacamento de 674,4 mil unidades este ano ante 812,7 mil em 2014.

O presidente da Anfavea, Luiz Moan Yabiku Junior, comentou que o desempenho do primeiro trimestre ficou abaixo das expectativas e, por isso, a entidade promoveu uma revisão dos dados para 2015: queda de 13,2% no licenciamento, crescimento de 1,1% nas exportações e declínio de 10% na produção. Isso significa menos empregos no setor.

Já entre as motocicletas, a Abraciclo também registrou queda nas vendas do primeiro trimestre. Segundo a associação, no acumulado do período foram emplacadas 326.960 unidades, o que representa uma queda de 10,5% em comparação com o mesmo período de 2014, que atingiu 365.306 unidades.

O mau resultado também obrigou a Abraciclo a rever os números para este ano. Assim, a indústria de motocicletas projeta produção de 1.415.000 unidades em 2015, uma queda de 6,8%, em relação ao volume total de 2014. As vendas no atacado e varejo devem atingir 1.360.000 e 1.365.000 unidades, ficando, respectivamente, 4,9% e 4,5% abaixo do concretizado no ano passado. Mais uma vez, menos produção, menor as chances de emprego.

Bicicleta
Ainda em abril a Abraciclo apresentou interessante estudo sobre o uso da bicicleta no Brasil, elaborado pela consultoria Rosenberg Associados, que revelou os benefícios do uso da bicicleta e apresentou as melhores formas de incentivar o uso do modal nas cidades.

Apesar de ser inédito, o estudo comprovou o óbvio: é preciso melhorar a infraestrutura viária para incentivar os ciclistas a usar mais a bicicleta, em outras palavras, fazer mais ciclovias. O que marcou o encontro, no entanto, foi o fato de muitos ciclo-ativistas questionarem assuntos irrelevantes sobre a elaboração do estudo, como por exemplo por que a Abraciclo não considerou as bicicletas tipo Barra Forte, que são as bicicletas de carga utilizadas por muitos entregadores de mercadorias.

O embate da questão chegou ao ponto de um militante das duas rodas não-motorizadas se sentir ofendido, e exigir retratação da diretoria da entidade por esta falta. Parecia até que eles não queriam o estudo, que o estudo era contra a ideologia deles, que é andar de bicicleta. Andar de bicicleta é bom, mas em uma cidade como São Paulo, cheia de aclives e declives, é mais complicado.

Por meses, enquanto estudava jornalismo em Santos, cidade litorânea de São Paulo, adotei a bicicleta como meio de transporte, e pedalava 45 km por dia para ir e voltar da faculdade. Mas havia um detalhe: era tudo plano. Ao voltar para São Paulo, bicicleta só como lazer, e dentro de um parque ou local fechado, onde o perigo fica para fora do portão.

Boa leitura
Alexandre Akashi
Editor

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