Crise de confiança popular

Quando se é governado por políticos populistas durante muito tempo, a conta é sempre passada adiante até que um dia a casa cai. Nesse momento, ocorre o que economistas chamam de crise de confiança do consumidor…

Nos últimos meses, economistas e empresários têm repetido constantemente a expressão ‘crise de confiança do consumidor’, como o grande gerador da estagnação econômica do País. Mas, afinal, o que é isso?

Isso é o que acontece quando se é governado por políticos populistas durante muito tempo. São sujeitos que se importam muito mais com a imagem pessoal diante das massas do que governar a favor da nação.

Vivemos isso já faz tempo. Muito tempo. O mais famoso dos populistas foi Getúlio Vargas, que lhe rendeu o título de ‘Pai dos Pobres’, e ao mesmo tempo, ‘Mãe dos Ricos’. Esta é a síntese deste tipo de governo.

Dizem os historiadores que o populismo no Brasil vai de 1945 a 1964, mas teve início em 1930, com o primeiro governo de Vargas. Logo, em um futuro próximo, dirão que o populismo teve uma segunda fase, de 1990 até o final do primeiro mandato do governo Dilma, em 2014.

Nele estarão José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Ignácio Lula da Silva, o mais populista de todos, pela origem humilde. Todos foram, assim como Vargas, ‘pais dos pobres’ e ‘mães dos ricos’. E por que isso é ruim?

Ser ‘pai dos pobres’ é ruim para os pobres, muito ruim, e se ao mesmo tempo são ‘mães dos ricos’, é pior ainda. Pai é aquele que dá ao filho condições para que ele cresça e se fortaleça, mas sempre que há desobediência, há castigo severo, punição, repreensão. Mãe é a pessoa que dá carinho, cuida, afega, não deixa faltar nada, está sempre presente para o que der e vier e em hipótese alguma desampara o filho. Perceberam a diferença?

E assim vamos caminhando. Sarney assumiu a presidência após anos de ditadura militar e ao invés de ir atrás dos torturadores e carrascos lançou planos econômicos milagrosos para que a população pudesse comprar mais, gastar mais, sob a ilusão de que isso era tudo que precisava.

Depois veio o Collor, primeiro presidente eleito pelo povo depois de mais de 20 anos, que prometeu acabar com os marajás e corruptos, mas ele mesmo se mostrou um grande larápio, tanto que sofreu impeachment dois anos após ter confiscado todo o dinheiro dos trabalhadores, ao mesmo tempo que abriu os portos e liberou a importação.

O vice de Collor, Itamar Franco, assumiu o cargo e recrutou Fernando Henrique Cardoso para o cargo de Ministro da Fazenda, que lançou o Plano Real, e conquistou a tão sonhada estabilidade econômica, dando fim a anos de inflação desenfreada. Itamar Franco ainda protagonizou um episódio inusitado, a volta da produção do VW Fusca, carro que a montadora havia desistido de produzir anos antes, mas voltou atrás a pedido do governo. Dizem que Itamar pediu a volta do Fusca pois queria que a população tivesse acesso a um carro zero Km que não fosse muito caro. Isso é ou não é populismo?

Os oito anos de FHC ficaram marcados na história como uma época de grandes receitas, vendas de estatais pouco lucrativas, dólar controlado (política que ainda permanece nos dias atuais), e relativo crescimento econômico. Podia ter feito mais? Sim, mas não fez pois não seria popular. Tinha a faca e o queijo na mão para iniciar a inspeção técnica veicular no Pais, modernizar a frota circulante, mas isso resultaria em obrigar alguns pobres a abandonar o único meio de transporte que tem, ainda que precário, mal cuidado e de extremo risco para a segurança de todos os envolvidos no trânsito.

Por fim, o maior pais dos pobres que o Brasil já teve. Lula. Operário. Nasceu paupérrimo e não teve estudo. Batalhou muito e chegou no cargo máximo da cidadania brasileira. Um exemplo. Apoiado sobre um partido que se dizia dos trabalhadores, liderou a economia para um patamar nunca visto antes, e decretou o fim da dependência do petróleo externo e da dívida externa do Brasil.

Em paralelo a todos esses governos, um grupo de empresários ‘comia por fora’, e ainda come. Contratos milionários aqui e ali, obras com aditivos que superam o valor inicial em 1000%, 2000%, e outras manobras legais, mas imorais. A cada novo governo, novas maracutaias. Até que um dia a casa cai. E ai, quem dança é o povo. O que trabalha, que paga imposto, e que infelizmente, é minoria.

A crise de confiança não está entre os ricos nem naqueles que recebem bolsa auxílio do governo (seja ela qual for). Está nos 39% da população que é como eu e você.

Alexandre Akashi
Editor

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