Bom para família

Por terem amplo espaço interno e bom espaço no porta-malas, os sedans compactos Volkswagen Voyage e Renault Logan estão na lista dos carros de família e também servem bem aos frotistas

Quando foi relançado, em 2008, o Volkswagen Voyage pegou carona no sucesso do Gol G5 mas, ao contrário do que se imaginava, não chegou a abalar o mercado de sedans compactos, dominado pela Fiat.

Na oficina, Volkswagem Voyage e Renault Logan foram aprovados apesar de ambos apresentarem defeitos crônicos fáceis de resolver

Apresentado com duas versões de motorização, 1.0 litro e 1.6 litro, ambos de 8 válvulas e flex, tinha muitas qualidades para ser um dos melhores do mercado, ainda mais entre os modelos 2009 a 2012.

Entre as qualidades, destaque para o design, conforto interno e o baixo custo de manutenção, uma vez que compartilha muitas peças com outros carros da família: Gol, Saveiro e Fox.

Mas, entre os defeitos, destaque para os motores 1.0 litro, envolvidos na campanha ‘Oficina Ativa’, ação ocorrida em 2009 após diversos proprietários de veículos com este tipo de motor (principalmente Gol, o mais vendido no País até então) relatarem problemas de ruídos internos, causados, segundo a montadora, por falha do óleo lubrificante. O principal dano era a perda do motor, com 30.000 km, por falha de lubrificação.

Como solução, a Volkswagen convidou todos os proprietários a ir a uma concessionária trocar o óleo, alterar a recomendação de troca de óleo para cada seis meses, ou 10.000 km, o que ocorrer primeiro, e extensão do prazo de garantia desses motores de três para quatro anos.

Fato é que até hoje se ouve reclamações de consumidores que se sentem lesados após ter adquirido um modelo da marca, mesmo tendo realizado ao pé da letra o que diz a nova cartilha. Tanto que a justiça do Rio Grande do Sul, no início deste ano, ameaçou obrigar a Volkswagen a realizar recall com mais de 400 mil veículos, no Brasil inteiro. Claro que a marca recorreu e, no último dia 23 de abril, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul publicou nota em que os Desembargadores integrantes da 20ª Câmara Cível decidiram revogar a liminar que determinava o recall.

Assim, a compra de um modelo 2008/2009, 2009/2009, ou 2009/2010 deve ser feita criteriosamente, pois sabe-se que muitos desses motores já passaram por retífica.

Com motor 1.0 há uma única versão disponível, Mi, com preços sugeridos (Fipe) de R$ 24.290 (2009) a R$ 28.519 (2012).

Logan

Na linha Logan de 2007 a 2012, a Renault equipou o modelo com motores flex 1.0l 8v e 1.6l 16v.

Na Renault, a história do Logan começa em 2007 com um conceito inovador para um sedan compacto: amplo espaço interno e porta-malas com mais de 500 litros de capacidade de carga (510 litros para ser mais exato), a preço de carro popular.

Dessa forma, conquistou corações das grandes famílias, que se sentiam apertadas nos sedans compactos da época, e não tinha como migrar para um sedan médio, e também dos taxistas, que passaram a ter acesso a um modelo mais em conta com muito espaço interno.

Mas e porém, deixa a desejar no quesito design e estilo, com um quadrado que lembra os modelos da década de 1970, e cheio de plásticos duros e acabamento sem muito primor.

Mas, porém e entretanto, tem qualidades. Os motores 1.0 litro e 1.6 litro, ambos 16 válvulas, são destaques, uma vez que são robustos e de baixo índice de falhas, mesmo sendo de concepção antiga. O custo de manutenção é baixo e cabe no bolso do consumidor brasileiro.

A versão topo de linha com motor 1.0 litro, a Expression, tem preços sugeridos (Fipe) de R$ 20.161 (2009) a R$ 27.061 (2012).

No elevador

No Logan, porta-malas é de 510 litros, ante 470 litros do Voyage

As atenções dos Consultores Automotivos do Jornal Farol Alto foram para o Renault, que apresenta número um pouco maior de falhas crônicas do que o Volkswagen, apesar do problema de lubrificante descrito anteriormente.

Segundo os consultores, o principal defeito é um vazamento de óleo de câmbio que ocorre pela coifa da homocinética, que se rompe e vaza óleo da transmissão até a caixa secar, o que se não reparado a tempo causa travamento do câmbio. “Isso não é um defeito apenas do Logan, vários modelos da Renault apresenta esse tipo de problema”, afirma Claudio Cobeio, da CobeioCar.

Além disso, há ainda defeito crônico no sistema de aterramento do Logan, que sai de fábrica subdimensionado, o que provoca anomalia no mostrador de temperatura. “Já peguei diversos casos que o termômetro do motor marcava errado e a solução foi refazer o aterramento entre o pólo negativo da bateria com a carroceria e o bloco do motor”, afirma Eric Faria, da 3E Motors.

“Esse é mais um problema recorrente na maioria dos veículos novos”, comenta Claudio Cobeio, da CobeioCar. De fato, a busca constante em reduzir custos na produção dos veículos tem feito com que as malhas de aterramento sejam cada vez menores, e após algum tempo de uso se tornam insuficientes.

Ainda em relação ao sistema elétrico, Sergio Torigoe, da AutoElétrico Torigoe, comenta que a chave de seta é item de parada frequente dos Logan que atende. “Um cliente tem diversos veículos na frota, e já troquei várias chaves de seta, pois com o tempo deixam de funcionar corretamente”, diz.
Outro problema identificado pelos reparadores é os coxins do motor, que não aguentam o tranco e se rompem. “Além disso, tem o pré-filtro da bomba de combustível, que precisa de atenção especial, sempre”, afirma Cobeio, da CobeioCar.

Voyage

O VW Voyage tem duas opções de motor: 1.0l e 1.6 l, ambos flex de 8 válvulas

Com estilo mais jovial, o Volkswagen Voyage é um modelo que frequenta menos a oficina, em relação ao Logan, mesmo porque vende menos. Porém, alguns defeitos que tem apresentado são crônicos e suficientes para deixar os proprietários irritados a ponto de não querer mais saber da marca. “Tenho um cliente que comprou um Voyage 0Km há dois anos e hoje o carro está com 50.000 km, e nesse período já gastou mais de R$ 8 mil em manutenção”, afirma Cobeio.

Entre os defeitos que mais costumam aparecer nas oficinas, Eric Faria, da 3E Motors, destaca o afrouxamento do parafuso da flange do retentor da polia do motor, que se solta e causa vazamento de óleo sobre a correia. “É só apertar o parafuso, mas se isso não for feito logo no início do surgimento do problema, o óleo acaba contaminando a correia”, afirma.

Sergio Torigoe, da AutoElétrico Torigoe, comenta ainda que o Voyage, assim como outros veículos da marca, possuem um sistema de relés integrados que juntos realizam diversas operações, como pisca de sinalização (seta) temporizador do limpador de para-brisas, buzina e aquecedor do vidro traseiro, e que quando um destes itens para de funcionar, é necessário trocar todo o conjunto de relés. “Isso acabou deixando a manutenção mais cara para o dono do carro, pois antes era só trocar um relé, e agora, é preciso substituir todo um conjunto de peças”, diz.