Custo ambiental

Todos devem fazer o que estiver ao alcance para que o planeta seja melhor tratado

Vivemos em uma país de demagogia, onde quem diz o que os outros querem ouvir é melhor tratado do que a pessoa honesta que fala a verdade, mesmo que seja desagradável. Afinal, verdade e honestidade só é bom mesmo quando é agradável ou lucrativo, certo?

Espero que você tenha discordado. Fiz essa introdução pois o que quero tratar neste editorial é assunto casca de ferida: responsabilidade ambiental. Afinal, quem deve fazer o que sobre essa questão?

Penso que todos devem fazer o que estiver ao alcance para que o planeta seja melhor tratado, pois tudo de ruim que fazemos a ele, retorna para nós mesmos em forma de violência natural. Não preciso dar exemplos, preciso?

Desde o início do ano a cidade de São Paulo vive sob uma nova administração pública, que fez importantes alterações em algo que até que funcionava direito, apesar dos trancos e barrancos: a inspeção ambiental veicular.

A Controlar não é a melhor empresa para realizar as vistorias, mas fazia (e ainda faz) o possível para atender a população. Com a nova lei do prefeito Fernando Haddad, fica a incógnita sobre quem será o agente aplicador das vistorias para o próximo ano.

Outra mudança significativa é a isenção da taxa da inspeção, que somente será cobrada se o veículo tiver de passar uma segunda vez no teste. A justificativa do prefeito é que o contribuinte já paga muito imposto para possuir e utilizar um veículo, e não é justo ter de pagar mais um. Concordo.

Mas, fica uma dúvida: quem vai pagar pelo serviço? De onde a prefeitura vai tirar dinheiro? O governo do Estado vai repassar uma verba maior do IPVA para a prefeitura fazer a inspeção sem onerar a parte da população que não tem carro e não precisa se preocupar com isso?

Carro novo
Porém, o que está causando mais furor é a liberação da inspeção para os veículos com até 3 anos de uso. De acordo com a lei de Haddad, a responsabilidade nesse período pelo bom funcionamento do veículo é da montadora, da empresa que produziu e vendeu o bem ao consumidor, que deve levar o carro regularmente a um posto de atendimento autorizado para efetuar a manutenção do equipamento.

E é ai, caros leitores, que entra a demagogia. Anualmente, os brasileiros compram mais de 3 milhões de veículos zero Km. Em um prazo de três anos, são 9 milhões de unidades, para uma rede de pouco mais de 3,5 mil concessionários. Será que eles têm capacidade para atender a todos de forma satisfatória?

É certo que carro novo polui menos e tem menor chance de ter problemas. Por isso todos sonham em comprar um. Mas, ocorre que as montadoras não se interessam pelo produto que produziram depois que venderam. A partir daí, a responsabilidade é totalmente de quem comprou o bem.

Tanto que no Brasil não existe um programa sério de reciclagem de veículos, para dar a devida destinação da sucata que fica depois que o automóvel chega ao fim da vida útil. Isso porque recolher o carro velho gera ônus, um gasto que ninguém quer ter. E assim caminhamos.

Se essa nova lei do Haddad realmente pegar, daqui a três anos o carro usado vai ficar ainda mais barato, pois acredito que muitos vão querer trocar antes de precisar passar pela inspeção. E ai quero ver como vai ser a retirada de circulação dos carros mais velhos. Se é que alguém vai se preocupar com isso, um dia…

Boa leitura
Alexandre Akashi – Editor