Qualidade e preço

Abril foi um mês de festa para a indústria de autopeças, por conta da feira Automec, evento que reúne o que o mercado chama de aftermarket, ou pós-vendas automotivo

Embalagem de rolamento

Embalagem de rolamento

Muitas marcas estiveram presentes e anunciaram novidades para o setor, com a Dayco que além de fornecer correias, polias, tensionadores e cabos de velas passa agora a comercializar no mercado nacional velas automotivas.

Porém, o mercado de autopeças no Brasil é amplo e cheio de surpresas. Uma delas é a variedade de marcas e preços para um mesmo componente.

Algumas peças são originas, outras não, sendo que estas últimas se apresentam em uma quantidade enorme de variedades. Diante disso, como separar o joio do trigo?

Os Consultores Automotivos do Jornal Farol Alto dão algumas dicas. A primeira é confiar no profissional que vai instalar a peça. “O reparador sabe quais marcas ele pode confiar e quais deve desconfiar”, afirma Claudio Cobeio, da CobeioCar.

Importante nesse momento é saber que o profissional tem responsabilidade sobre o reparo e pode optar por não fazer a instalação da peça comprada pelo dono do carro. “Já tive casos em que recusei o serviço, pois o cliente insistiu que instalasse uma peça de marca que não conhecia e quando pedi para ele assinar um termo de responsabilidade pelo serviço, se recusou”, comenta Francisco Carlos, da Stilo Motores.

Este é um direito do profissional, assim como é direito do consumidor comprar a peça no local onde julgar mais conveniente, porém ao permitir que o próprio mecânico adquira as peças, toda responsabilidade do serviço e garantia é do profissional. “Raramente o cliente quer ir atrás das peças, pois a grande maioria desconhece as marcas e não sabem o qual é a melhor para comprar. Alguns até tentam, mas depois de um tempo acabam desistindo e passam a responsabilidade para nós”, afirma Sergio Torigoe, da AutoElétrica Torigoe.

A segunda, de acordo com Eric Farias, da 3E Motors, é explicar ao dono do carro quais marcas ele deve buscar, caso opte por comprar as peças por conta própria. “Mesmo assim tem vezes que ele acaba trazendo gato por lebre, e isso é tão comum que até mesmo marcas famosas imprimem frases nas caixas dos produtos para se protegerem, como a INA, que na embalagem diz “Pode conter produtos não fabricados pela Schaeffler”, diz.

Preço x qualidade
Outra dica é o preço. “Tal como o consumidor deve desconfiar do combustível muito barato, deve desconfiar da autopeça que custa muito mais em conta do que as marcas tradicionais”, afirma Francisco Carlos.

Com o real valorizado e o mercado brasileiro aquecido, a importação de autopeças de países asiáticos, principalmente a China, tem sido constante. “Hoje em dia encontramos de tudo, a preços muito atraentes, mas que na realidade tem uma qualidade muito inferior do que o produto de marca”, diz Torigoe ao comentar o caso de um cliente que sempre trocava as lâmpadas do carro por peças chinesas, até um dia que precisou substituir o conector pois derreteu com o calor da lâmpada.

“Além disso, ele trocava as lâmpadas a cada três meses, pois queimava constantemente. Ele trouxe o carro na oficina porque o conector derreteu e não consegui trocar a lâmpada, foi quando instalei uma de primeira linha e até agora não teve problemas. Isso faz mais de um ano”, diz.

Se por um lado o componente vendido pela concessionária é muito mais caro, por outro é garantia de que vai funcionar perfeitamente.

Mas, existem também peças de reposição não originais ou genuínas (as vendidas nas concessionárias) que têm desempenho no mesmo nível. Essa é a especialidade dos reparadores, que no trabalho diário, passa a entender em quais marcas confiar.

“Existem marcas que o dono do carro conhece, fazem propaganda e conversam com o consumidor, mas a maioria não tem essa visão, Assim cabe a nós, profissionais, orientar os clientes”, diz Torigoe.