SUVs: sonho ou pesadelo?

Carro grande, alto e robusto sempre foi o ideal de compra de muitos consumidores. Com o tempo, desvalorizam e ficam mais acessíveis. Mas será que vale a pena?

Sonho de consumo da maioria dos brasileiros, os veículos tipo SUV oferecem conforto e um ar de segurança, pela posição elevada de dirigir e também pelo tamanho.

Mitsubishi Pajero Sport (esq.) e Chevrolet Captiva, ambos com motor V6, têm em comum elevado consumo e custo de manutenção. Por isso procedência é importante antes de comprar um usado

Apesar do elevado preço de aquisição – modelos zero Km custam na faixa dos R$ 100.000 – , já é possível encontrar no mercado de usados ofertas interessantes por R$ 55.000, como é o caso do Chevrolet Captiva Sport AWD 3.6 V6 24V 261cv 4×4, que a tabela Fipe  cota em R$ 54.641 o modelo 2008, e o Mitsubishi Pajero Sport HPE 3.5 4×4 200cv Aut., que no modelo 2009 é cotado por R$ 54.137.

Pechinchas? Pode ser. Mas, é preciso tomar certos cuidados para que o sonho não se torne pesadelo, principalmente na hora da manutenção, uma vez que a troca de alguns poucos componentes pode resultar em uma conta na casa dos R$ 10.000, como é o caso das bobinas de ignição, peças geralmente encontradas somente em concessionárias e que, apesar de serem individuais, devem ser substituídas em conjunto (no caso, 6 peças). Dos dois modelos escolhidos para esta reportagem, o Chevrolet é mais caro: R$ R$ 14.364,48 o jogo, ante R$ R$ 7.098 do Mitsubishi.

Chevrolet Captiva

Mais potente, o V6 da GM gera 261 cv de potência a 6.500 rpm e torque máximo de 33 Kgmf a 2.100 rpm

Lançado em 2008 no Brasil, o Chevrolet Captiva representou um marco importante na modernização dos modelos da GM comercializados aqui. A versão topo de  linha conta com motor Alloytec V6 de 3,6 litros, acoplado a um câmbio automático de seis velocidades, tração 4×4 e direção hidráulica.

Com 261 cv de potência, torque máximo de 32,95 Kgfm e rodas 17 polegadas, air bags, freios ABS, controle de tração, e tudo quanto é tipo de controlador eletrônico, ficou difícil de engolir o limitador de velocidade máxima em 160 km/h imposto pela montadora na época do lançamento. Tanto que dois anos depois, aumentaram esse limite para 180 km/h, e tudo que o proprietário tinha de fazer era levar o carro até a concessionária para reprogramar o sistema.

Mitsubishi Pajero

Porém, o V6 da Mitsubishi não faz feio: são 200 cv de potência a 5.000 rpm e torque máximo de 31 kgfm a 3.500 rpm. Em comum, ambos são gastões

Com mais de 20 anos no mercado nacional, a família Pajero de SUVs da japonesa Mitsubishi conquistou uma legião de fãs pela robustez e força dos motores diesel e V6.

A versão Sport chegou em 1998, e em 2009, quando foi lançado o modelo 2010, ganhou motor flex. O modelo escolhido para esta avaliação é o 2009/2009, com motor V6 a gasolina, uma vez que a versão flex tem preço sugerido de R$ 63.565.

Na oficina

Entre os Consultores do Jornal Farol Alto, não existe unanimidade sobre qual dos SUVs é o melhor. Tanto que a média do Captiva foi 7, enquanto o Pajero Sport ficou com média 8. A ligeira vantagem do Mitsubishi é por conta do melhor projeto, que tem apresentado menos defeitos crônicos ao longo do tempo.

No porta-malas, o GM carrega 821 litros, ante1.750 litros do concorrente

Uma vantagem conquistada logo nos primeiros modelos desembarcados no  País, quando ainda eram importados do Japão. “Tenho clientes que já estão na terceira Pajero e não trocam pois gostaram muito do carro, apesar de terem percebido queda da qualidade depois que o carro passou a ser feito no Brasil”, afirma Cláudio Cobeio, da CobeioCar.

Entre os problemas mais comuns citados sobre o Mitsubishi, estão dificuldade de aquisição de peças de reposição, elevado consumo de combustível, problemas com sistema de freios ABS. “Certa ocasião chegou um com a luz acessa e não conseguimos nem diagnosticar com scanner, pois o problema era chicote”, afirma Sergio Torigoe, do Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe.

Captiva

Com um número maior de reclamações, o Chevrolet Captiva Sport V6 é conhecido no mercado por ser um veículo bonito, robusto e gastão. Na época do lançamento, tive a oportunidade de avaliar o modelo por uma semana e diariamente consumia cerca de R$ 50 de gasolina, para rodar cerca de 100 km. “Todos os clientes reclamam de consumo desse carro”, afirma o consultor Eric Faria, da 3E Motors.

Outro ponto destacado pelos Consultores foram os barulhos de suspensão frequentes. “É um vício de fabricação que nem mesmo a concessionária consegue resolver”, afirma Torigoe. “É como se fosse pivô batendo”, completa Cobeio.

Já o consultor Francisco Carlos, da Stilo Motores, comenta que já teve diversos casos de problemas na bomba de direção do Captiva. “É um componente que não tem jeito. Quando quebra tem de trocar por uma nova, e isso custa R$ 1.200 só de peça”, diz. “Felizmente, a mão de obra para executar o serviço é relativamente simples, e em duas horas o carro fica pronto”, comenta.

Assim como houve quem elogiasse o Pajero, o Captiva foi recomendado pelo consultor Eduardo Topedo, da Ingelauto. “É um carro, eu compraria independente de todos or problemas”, diz ele ao revelar que a maior dificuldade dos técnicos é entender a eletrônica embacada do veículo, que é sofistica e por isso exige aprimoramento técnico.

Assim tanto no Captiva quanto no Pajero, a recomendação é a mesma: saiba a procedência do veículo, pois se não souber o histórico de manutenção, o sonho pode virar pesadelo.