Sedans médios – Fiat Linea x VW Jetta

Se por um lado o Jetta tem mais potência e força, por outro o Linea é mais fácil e barato de manter; na oficina, a recomendação é a mesma para ambos: preventiva

O Fiat Linea apresenta problemas no câmbio Dualogic, enquanto o VW Jetta tem defeito crônico na bomba de ar do coletor de admissão por conta do etanol presente na gasolina

O Fiat Linea apresenta problemas no câmbio Dualogic, enquanto o VW Jetta tem defeito crônico na bomba de ar do coletor de admissão por conta do etanol presente na gasolina

Com medidas muito próximas, os sedans médios Fiat Linea e Volkswagen Jetta não tem nada mais em comum.

Lançado em 2006, o Jetta chegou com motor cinco-cilindros de 2.5 litros, que redia 150 cv de potência a 5.000 rpm e torque máximo de 23,2 Kgfm a 3.750 rpm. A princípio, concorria diretamente com o Marea HLX 2.4, também com motor cinco-cilindros, mas que foi descontinuado em 2007.

Em 2008, a Volkswagen elevou a potência para 170 cv, o que deixou o sedan um pouco mais esperto, mas o grande trunfo é a caixa de transmissão automática de seis velocidades, uma inovação que na época habitava apenas veículos de gama superior.
Movido apenas a gasolina, o preço era salgado: R$ 82.500 (em 2006) e R$ 86.260 (em 2008). Hoje, o modelo 2007 é avaliado em R$ 38.942, segundo tabela Fipe.

Fiat Linea

O motor do Linea é menor e menos potente, porém é flex

O motor do Linea é menor e menos potente, porém é flex

O concorrente natural do VW Jetta era o Fiat Marea, que também contava com motor cinco-cilindros, que rendia 160 cv a 6000 rpm e torque máximo de 21 mkgf a 3500 rpm, que em 2006 (último ano da versão) custava R$ 76.540 reais.
Mas, a Fiat decidiu substituí-lo pelo Linea, em 2008, com aplicação de um ‘golpe’ nos consumidores da marca, ao apresentar o modelo com motor 1.9 litro, derivado do extinto 1.6l Fire, retrabalhado para ganhar o sistema flex com um quinto bico injetor, dedicado a tarefa de injetar gasolina no motor em dias de baixa temperatura.

Apesar disso, o Linea trazia excelente pacote de itens de conforto, como o sistema BlueMe e o câmbio Dualogic, em que um robô efetua o procedimento de desengate e engate de marchas automaticamente. O preço da versão topo de linha era R$ 68.640. Hoje, o modelo 2009 é avaliado pela Fipe por R$ 33.537.

Na oficina

Em compensação, o Jetta tem cinco cilindros, o que resulta em troca de uma vela a mais

Em compensação, o Jetta tem cinco cilindros, o que resulta em troca de uma vela a mais

Para os Consultores Automotivos do Jornal Farol Alto, o VW Jetta é, de longe, uma melhor escolha, apesar de ter custo de manutenção mais elevado do que o Fiat Linea. “O Jetta é muito mais carro”, afirma Claudio Cobeio, da CobeioCar. “É um veículo que caiu no gosto do público jovem e também de proprietários com mais tempo de habilitação”, comenta Eduardo Topedo, da Ingelauto.
Mas, apesar disso, o Volkswagen também tem pontos fracos. Um deles é consequência direta da força do motor. “Como é um canhão, costuma apresentar problema de semi-eixo”, avalia Eric Faria, da 3E Motors.

Cobeio, da CobeioCar, diz que já teve diversos casos de Jetta com luz de injeção acesa. “Este é um problema crônico deste modelo, que surge entre 20.000 Km e 40.000 Km, tanto que na autorizada há um kit para substituição da bomba de admissão de ar, que vai no sistema de EGR e cânister, que custa cerca de R$ 570”, afirma.

Cobeio comenta ainda que o defeito, segundo a VW, é causado pelo combustível brasileiro, que contém etanol, o que deteriora a bomba. “É substituir o componente e fazer o reset de parâmetros no módulo de injeção e pronto”, diz o consultor ao explicar ainda que em raros casos o problema é sentido pelo motorista, pois somente os mais atentos percebem uma ligeira queda de potência. “A indicação de que algo está errado é a luz acesa no painel”, afirma.

O consultor Sergio Torigoe, do Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe, comenta que no Jetta, ao contrário da maioria dos veículos, o acesso ao mecanismo do vidro elétrico é feito pelo lado de fora da porta. “É preciso tirar a folha externa da porta, que é parafusada”, comenta.

Azarão
Nesta avaliação o Fiat Linea teve as piores notas, apesar de não ser um carro ruim e nem de manutenção cara.

O principal ponto de críticas foi o câmbio Dualogic, que ainda não é bem visto pelos reparadores. “Tenho um cliente que precisou trocar a embreagem com apenas 20.000 Km, e quando foi reclamar a garantia, disseram na concessionária que o desgaste foi por mau uso”, comenta Torigoe.

No porta-malas, Fiat perde por 5 litros (Jetta leva 505 l), mas ambos têm dobradiças pantográficas

No porta-malas, Fiat perde por 5 litros (Jetta leva 505 l), mas ambos têm dobradiças pantográficas

Assim, fica a dica: se você tem carro com câmbio automatizado, toda vez que parar (trânsito, semáforo etc.), posicione a alavanca do câmbio em N (neutro). Do contrário, o carro fica engatado e força a embreagem.

“Essa é uma dica de ouro, pois tenho um cliente taxista que trocou a embreagem com 170.000 Km”, diz Francisco Carlos, da Stilo Motores. “É uma embreagem cara, mas compensa quando bem utilizada”, diz.

Outro defeito comum nos câmbios Dualogic é o não funcionamento correto do sistema. Em alguns casos, segundo Torigoe, o câmbio demora para trocar de marcha. “A solução é fazer uma reprogramação com scanner automotivo, e também é preciso atenção com os aterramentos, pois este é um problema muito frequente nos veículos modernos”, diz Torigoe.

consultor---tabelas-e-opiniões

Comprar peças para o Jetta é mais difícil do que para o Linea, pois na simulação de cotação, as concessionárias orçam apenas os componentes que dispõem em estoque. Por isso o valor total da concessionária VW é menor do que o do Varejo (*Valores de referência encontrados na região Leste da cidade de São Paulo. Podem variar de acordo com marca e localidade)