O preço do design e conforto

Ambos são bonitos de ver e estão no imaginário dos consumidores; mas na hora da manutenção podem se tornar dores de cabeça e de bolso

Quando foi lançado no mercado brasileiro, o Hyundai i30 fez sucesso imediato. Em poucos meses, passou a ser o hatchback médio mais vendido no Brasil, desbancando competidores tradicionais como Ford Focus, Chevrolet Vectra GT e Astra, e Fiat Stilo.

Na disputa dos médios ano/modelo 2012, o Chevrolet Cruze tem design mais atual do que o coreano Hyundai i30, com motor 2.0 l, que por sua vez custa R$ 17 mil a menos

Para muitos consumidores, era a primeira oportunidade de possuir um veículo médio importado pelo mesmo preço de um nacional. Ou seja, crescer na tabela de status familiar e entre os amigos. Afinal, não é (era) para qualquer um.

A festa durou até 2012, quando o governo federal decidiu aumentar a alíquota de importação dos veículos em 30 pontos percentuais. E o que era um bom negócio, passou a ser algo quase proibitivo.

Neste meio tempo, a concorrência correu para minimizar o prejuízo. A resposta da GM foi o Cruze Sport6, lançado em 2011 como modelo 2012, em substituição ao Vectra GT, que teve vida curtíssima, de apenas quatro anos, justamente por não apresentar nenhum tipo de novidade em relação ao antecessor, o Astra, um verdadeiro sucesso de vendas.

Chevrolet Cruze

O Cruze tem motor 1.8 litro, flex, de 144cv/140 cv (etanol/gasolina)

Lançado em setembro de 2011, a GM escolheu primeiramente o sedan para mostrar ao consumidor brasileiro. A pressa era justificada pela ausência das versões três volumes do Vectra e Astra no mercado, que haviam sido descontinuados.

Em relação aos antecessores, novidades além do estilo, com destaque para o novo motor 1.8 l Ecotec de 144 cv de potência máxima (etanol), e o câmbio automático de seis velocidades, disponível tanto na versão de entrada, LT quanto na topo de linha, LTZ.

O hatchback chegou somente em abril de 2012, com o mesmo motor, câmbio e versões, tendo alterado apenas a silhueta. Apesar de chegar no fim da festa do i30, tem ajudado a GM a recuperar vendas.

Segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o Cruze foi o terceiro sedan médio mais vendido em 2013 (perdeu para Honda Civic e Toyota Corolla, primeiro e segundo lugares, respectivamente), e foi o segundo lugar entre os hatches médios, atrás apenas do Fiat Punto (que nem é tão médio assim).

Fato é que caiu no gosto do povo. A versão topo de linha do Sport6 (hatch), LTZ, automática, ano/modelo 2012, tem preço sugerido, segundo tabela Fipe, de R$ 67.788. Interessante notar que o sedan do mesmo ano e versão custa R$ 4.000 mais barato: R$ 63.786.

Hyundai i30

Já o i30 tem motor 2.0 litros, de 145 cv de potência, mas apenas gasolina

O hatchback médio coreano chegou abafando no Brasil, com uma boa combinação de motor potente, acabamento superior ao que era oferecido até então, e status de carro de luxo importado a preço competitivo.

O motor 2.0 l desenvolve 145 cv de potência máxima, mas ao contrário do concorrente, é movido apenas a gasolina. As medidas são semelhantes, mas o Chevrolet é 26,5 cm mais comprido, o que resulta em maior peso (1.459 kg ante 1.288 kg do coreano), e mais espaço de porta-malas (402 l a 340 l do Hyundai).

Diferentemente do Chevrolet, a opção ao hatchback do i30 é a perua i30cw, que foi importada nos modelos 2011 e 2012. O preço do modelo 2012 do hatch é mais atraente: R$ 50.402, de acordo com tabela Fipe. O modelo cw 2012 tem preço sugerido de R$ 53.127.

Na oficina

O i30 tem porta-malas pequeno, de apenas 340 litros

Após sair da concessionária, a vida do dono de um veículo médio é dispendiosa. Apesar de as montadoras fazerem o máximo possível para reduzir os custos das revisões, ainda assim o preço cobrado pelas peças nos concessionários é elevada.

Neste quesito, ponto para a Hyundai, que por ser de um único dono, tem preços idênticos em todas as lojas da rede e, pode assim, divulgar o preço das peças no site (www.hyundai-motor.com.br/busca-pecas.php). Não tem tudo, mas o bastante para se ter noção do quanto será gasto a cada visita à oficina.

Essa transparência no entanto não é o suficiente. Praticamente todos os consultores do Jornal Farol Alto reclamaram da dificuldade de encontrar peças no mercado de reposição, inclusive na rede concessionária. “Você liga em um número, dizem que é em outro, e depois de horas, quando finalmente consegue falar com alguém, é informado que o componente está em falta em toda rede”, afirma Júlio de Souza, da Souza Car.

Em relação ao veículo, o i30 apresenta, segundo os consultores, alguns poucos problemas crônicos, sendo o principal barulho de suspensão no lado direito. “Fiquei uma semana com o carro na oficina tentando resolver o problema”, afirma Souza.

De acordo com Claudio Cobeio, da CobeioCar, outra dificuldade que os donos de i30 sofriam era roubo de rodas. “Todos meus clientes que tem este carro já tiveram as rodas roubadas”, diz.

GM

Apesar da silhueta de hatchback, o Cruze Sport6 é somente 8,6 cm menor do que sedan

Já o modelo da GM foi muito criticado em relação à suspensão traseira, principalmente na versão sedan do modelo, muito cobiçado por taxistas.

“Deixou a desejar na qualidade dos amortecedores traseiros e do catalisador, principalmente para quem roda mais de 100 km por dia”, afirma Cobeio, que atende alguns clientes taxistas que possuem o modelo.

Cobeio explica que a haste do amortecedor e muito fraca e não suporta o tranco do dia a dia. “Estão todos insatisfeitos”, diz.

Além disso, Eric Faria, da 3E Motors, comenta que já precisou reparar problemas de vazamento no retentor de semi-eixo do veículo de um cliente, e o consultor Francisco Carlos, da Stilo Motores, apesar de ter dado nota 10 ao modelo, comenta que já pegou casos de torre do amortecedor dianteiro solta. “O cliente chegou reclamando de barulho e quando fui ver estava tudo solto”, diz.

No geral, o preço das peças do Chevrolet é maior do que do Hyundai (em ambos canais, concessionária e varejo). Porém, é mais fácil encontrar peças de reposição do GM