Automatizados na oficina

Quem tem carro com câmbio automatizado deve tomar certos cuidados para que a embreagem tenha vida longa; confira as dicas dos consultores do Jornal Farol Alto

No mundo das minivans com embreagem robotizada, a Chevrolet saiu na frente em 2007 ao apresentar ao mercado a Meriva Easytronic modelo 2008. Na época, a marca convidava o consumidor a conhecer um câmbio versátil, que podia ser usado de um jeito ou de outro: sequencial ou automatizado, sem precisar trocar as marchas. Tão fácil de usar que uma mulher explicava o funcionamento.

Na oficina, Chevrolet Meriva Easytronic e Fiat Idea Dualogic mostram problemas em comum, que geralmente são causados por mau uso do veículo, fruto de desconhecimento do condutor

Na oficina, Chevrolet Meriva Easytronic e Fiat Idea Dualogic mostram problemas em comum, que geralmente são causados por mau uso do veículo, fruto de desconhecimento do condutor

Nesta mesma época a Fiat apresentava o câmbio Dualogic, nos modelos Stilo e Linea, e somente em 2009 foi disponibilizado para a minivan Idea, apenas na versão Adventure Locker, a mais cara de todas.

O Easytronic da Meriva  foi o primeiro a ser lançado em uma minivan

O Easytronic da Meriva foi o primeiro a ser lançado em uma minivan

O tempo passou, a Meriva saiu de linha, e nos dias de hoje o câmbio Easytronic só está presente no hatchback Agile. Para todos os demais modelos da marca a GM disponibiliza um sensacional câmbio automático de seis velocidades muito mais moderno e tecnológico que o Easytronic.

Um dos motivos é a baixa aceitação do consumidor. Apesar de ter proposta familiar, o Meriva era muito apreciado por taxistas, que têm um perfil de utilização do veículo muito mais intenso do que a dona de casa, que usa o carro para buscar os filhos na escola e ir ao supermercado, shopping center e salão de beleza.

“Muitos taxistas compraram a Meriva Easytronic na esperança de ter mais conforto, mas tiveram dor de cabeça, porque não conseguiram se adaptar à tecnologia”, afirma o consultor Julio de Souza, da Souza Car. “Houveram casos, inclusive, de taxistas que retiraram o sistema de automatização do câmbio e instalaram pedal de embreagem no carro”, comenta Claudio Cobeio, da Cobeio Car.

Na oficina

Porém o Dualogic chegou primeiro no mercado, no Fiat Stilo e depois no Linea

Porém o Dualogic chegou primeiro no mercado, no Fiat Stilo e depois no Linea

Entre os consultores automotivos do Jornal Farol Alto há uma unanimidade: nenhum deles tem afeição ao sistema automatizado, independente da marca. “Grande parte dos consumidores ainda não sabe usar a tecnologia e isso gera redução na vida útil de componentes, principalmente a embreagem”, afirma Francisco Carlos de Oliveira, da Stilo Motores, na Zona Norte de São Paulo. “Acabei de trocar a embreagem de uma Meriva que rodou apenas 40 mil km”, diz.

No caso do Fiat, o consultor Eric Faria, da 3E Motors, comenta que já trocou a embreagem com 20 mil km. “O cliente não acreditou, mas foi o que ocorreu”, afirma. “Eu até dei umas dicas para ele de como proceder para ter maior durabilidade”, diz.

Além de precisar reaprender a dirigir o carro, os consultores comentam que o consumidor deve ser mais criterioso ao realizar as manutenções no sistema automatizado. “A tecnologia ainda é pouco familiar até mesmo para os técnicos das autorizadas das marcas, e mais ainda nas oficinas independentes, pela dificuldade de informação técnica e falta de scanners adequados”, diz Cobeio.

“Por isso requer mais atenção na manutenção, pois o uso de fluido errado pode acabar com o câmbio”, diz o consultor Eduardo Topedo da Ingelauto.

Francisco Carlos, da Stilo Motores, conta que já teve casos que o carro chegou de guincho e quando foi avaliar o problema descobriu que tinha colocado fluido de freio ao invés do lubrificante correto. “Acabou com o câmbio. Provavelmente fizeram isso porque o litro do óleo original custa R$ 180”. diz.

Além disso, é preciso ainda fazer a inicialização do sistema sempre que fizer a troca da embreagem, com auxílio de scanner. “Se não fizer, o disco sofre desgaste prematuro, pois fica comendo”, comenta Eric Faria, da 3E Motors.

 

Dicas
Ao parar em semáforos e congestionamentos, engate N (neutro)
Não ficar com o carro engatado na subida, fazendo vai-e-vem
Ao trocar a embreagem, compre o kit específico, não usar o kit de câmbio manual, que é mais barato e cabe, mas não funciona
Caso precise trocar o óleo do sistema, usar o fluido original e fazer a sangria com ajuda do scanner
Antes de engatar a marcha-à-ré, pare totalmente o veículo. Alguns modelos permitem engatar a ré com o carro a 3 km/h e isso desgasta prematuramente a embreagem
*Valores de referência encontrados na região Leste da cidade de São Paulo. Podem variar de acordo com marca e localidade

*Valores de referência encontrados na região Leste da cidade de São Paulo. Podem variar de acordo com marca e localidade