O sonho não acabou

Modelos premium com mais de 15 anos de uso podem ser uma pechincha tais como VW Passat V6 e o MB Classe A, mas atenção para a manutenção cara e complicada

Quando foram lançados, Volkswagen Passat V6 2.8l e Mercedes-Benz Classe A (160 e 190) eram sonho de consumo de muita gente. O primeiro pela força e potência do motor V6, já o segundo pelo status de ter na garagem de casa um modelo com a estrela de três pontas.

Modelos premium com mais de 15 anos de uso podem ser uma pechincha tais como VW Passat V6 e o MB Classe A, mas atenção para a manutenção cara e complicada

Modelos premium com mais de 15 anos de uso podem ser uma pechincha tais como VW Passat V6 e o MB Classe A, mas atenção para a manutenção cara e complicada

Vinte anos depois, a situação não é muito diferente. O VW Passat está muito mais moderno e ainda mais parecido com o primo nobre, Audi A6, e o MB Classe A acaba de voltar ao mercado em grande estilo e, apesar de ser compacto, não quer mais ser popular (pelo menos não aqui, no Brasil). E, tal como os modelos da década de 1990, têm preço de aquisição elevado demais para a grande maioria dos consumidores.

Mas, sonhar não custa nada e o tempo passa para todos. Se o modelo zero Km é caro demais, um usados com 15 anos é bem acessível. Segundo a tabela Fipe, um VW Passat 2.8 V6 Tiptronic 1999 custa em média R$ 18.271, enquanto um MB Classe A 190 Elegance 1.9 Semi-Aut. 2000 sai por R$ 14.557, valores muito menores do que um Fiat Palio Fire 1.0 0Km, o carro mais barato do Brasil, segundo o comercial da Fiat, que sai por R$ 24.490, e vem com air bag e freio ABS (obrigatórios por lei) e nada mais, nem mesmo direção hidráulica.

V6

O motor V6 de 2.8 litros rende 190 cv de potência

O motor V6 de 2.8 litros rende 190 cv de potência

O VW Passat 1999 tem, no entanto, uma longa lista de itens de série, mas o mais importante de tudo é o motor V6 de 2.8 litros que rende 193 cv de potência a 6.000 rpm, e torque máximo de 28,5 kgfm a 3.200 rpm acoplado a um câmbio automático tiptronic de cinco velocidades. Nos dias de hoje, este é um V6 fraco, mas ainda assim é muito mais do que os modelos populares. Afinal, atinge velocidade máxima de 235 km/h.

“O Passat é um carro que enche os olhos de muitas pessoas”, afirma o consultor automotivo do Jornal Farol Alto e proprietário da Stilo Motores, Francisco Carlos de Oliveira. “É o sonho de consumo de muitos mecânicos, inclusive”, completa o consultor automotivo Eduardo Topedo, da Ingelauto.

“O Passat é um dos melhores modelos da VW em matéria de estabilidade, tanto que é um veículo que tem tradição entre os modelos de competição e até hoje é cobiçado pelos preparadores”, comenta o editor técnico do Jornal Farol Alto, Amil Curi.

Mercedes-Benz

No Mercedes-Benz, o motor 1,9 litro rende 125 cv de potência

No Mercedes-Benz, o motor 1,9 litro rende 125 cv de potência

Já o Classe A chegou ao Brasil com a missão de popularizar a marca: um carro pequeno e compacto para o consumidor classe média, que sempre teve como sonho de consumo a estrela de três pontas.

Com motor quatro cilindros e carroceria monovolume, foi um sucesso de vendas, apesar dos problemas enfrentados pela marca no desenvolvimento do modelo, que capotava com facilidade no teste do Alce, em que o motorista repentinamente muda a trajetória do veículo com duas fortes guinadas no volante, uma para cada lado.

“Devido a este tipo de problema enfrentado, o Classe A obrigou a montadora a empregar o que havia de mais moderno em tecnologia automotiva na época e por isso o modelo era muito avançado, e até hoje é considerado por muitos reparadores um carro difícil de lidar”, comenta Amil Curi.

Na oficina
Apesar dos elogios aos modelos desta avaliação, os consultores automotivos do Jornal Farol Alto foram unânimes em dois aspectos em relação a ambos veículos: elevado custo de peças e dificuldade de manutenção por falta de informações técnicas..

Em comum, elevado custo de manutenção

Em comum, elevado custo de manutenção

No Volkswagen, os defeitos mais comuns são queima de módulo eletrônico (ECU). “Isso ocorre com frequência por causa da bobina”, comenta Amil. “Peguei muito módulo queimado na Three Chips e sempre era o mesmo defeito: a bobina queimava e na hora da troca, colocavam uma genérica, e isso provocava a queima do módulo. Esse carro só aceita bobina original”, diz Amil.

O consultor Sérgio Torigoe, do Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe, comenta que o Passat apresenta diversos problemas no sistema de conforto, como módulos de vidros e travas elétricas. “Esses são os defeitos mais comuns, são simples de resolver, mas custam caro pois é preciso substituir os componentes”, afirma.

Classe A
O Mercedes-Benz foi ainda mais criticado, por conta do excesso de dificuldades em se obter informações técnicas a respeito do veículo e de como os sistemas de controle e gerenciamento eletrônico funcionam. “É um carro que dá muito trabalho para realizar qualquer tipo de manutenção”, comenta Torigoe. “Para tirar o motor de partida é preciso baixar o motor”, exemplifica.

O editor técnico Amil Curi comenta que é preciso ficar alerta à carga da bateria deste modelo. “Quando fraca trava o sistema de injeção”, explica. Este é um problema que o consultor Francisco Carlos de Oliveira enfrenta atualmente na oficina. “Faz 15 dias que estou com um Classe A parado lá por causa disso”, diz.

Além disso, Francisco comenta que já teve problemas com coxim de câmbio e motor, bobina e bomba d’água. “A única coisa que vale no carro é a estrela de três pontas”, diz.

Outro defeito corriqueiro é, segundo Sergio Torigoe, o posicionamento da caixa de direção elétrica. “Está muito baixa e entra água com facilidade”, explica.

*Valores de referência encontrados na região Leste da cidade de São Paulo. Podem variar de acordo com marca e localidade

*Valores de referência encontrados na região Leste da cidade de São Paulo. Podem variar de acordo com marca e localidade