Velhos, mas atuais

Geração de compactos premium do final do século passado mostra que apesar da idade, dispõe de tecnologias que não chegaram nos populares ainda

Os modelos do final do século passado de Audi A3 e BMW 318i Compact são hoje verdadeiras pechinchas no mercado de usados. Vale a pena investir em um carro desses para uso diário ou apenas passear no fim de semana?

O BMW 318i Compact e o Audi A3 1.8 Turbo (150 cv) são exemplos de carros com cerca de 15 anos de idade que ainda superam expectativas, mas para consultores, o preço de manutenção é alto

O BMW 318i Compact e o Audi A3 1.8 Turbo (150 cv) são exemplos de carros com cerca de 15 anos de idade que ainda superam expectativas, mas para consultores, o preço de manutenção é alto

Os consultores automotivos do Jornal Farol Alto dividem opiniões sobre isso. Para alguns, sim, para outros, não, mas o que realmente determina se a compra é boa é o estado geral do veículo.

Pela tabela Fipe, o Audi A3 1.8 Turbo 5 portas 2000 vale R$ 19.265. O modelo vem com motor gasolina, 1.8 litro, 4 cilindros, 20 válvulas, turbo com intercooler que rende potencia máxima de 150 cv a 5.700 rpm e torque máximo de 21,4 kgfm entre 1.750-4.600 rpm.

Já o BMW 318i Compact 1998 vale R$ 19.540, tem motor 4 cilindros 1.8 aspirado de 140 cv de potência máxima a 6.000 rpm, e torque máximo de 17,85 kgfm a 4.500 rpm.

Além de um belo motor, estes modelos apresentam uma série de itens de conforto e segurança como ar-condicionado, teto solar, bancos de couro, ABS com controle de tração entre outros equipamentos que um carro popular zero km não oferece, e custa mais caro.

Audi

O Audi era produzido no Brasil, com motor 1.8 turbo de 150 cv ou 180 cv

O Audi era produzido no Brasil, com motor 1.8 turbo de 150 cv ou 180 cv

O Audi A3 1.8 Turbo era comercializado em duas versões: 150 cv e 180 cv. Produzido no Brasil, em linha de montagem compartilhada com o VW Golf de 4ª geração, foi um dos modelos mais comercializados pela montadora no País e era sonho de consumo da maioria dos jovens e adolescentes da época (1999 a 2006).

Além do motor 1.8 Turbo, contava também com versões mais simples, com motores aspirados 1.6, de 101 cv de potência, e 1.8, de 125 cv.

BMW

No BMW, mesmo aspirado o motor rendia 140 cv e não deixava dúvidas sobre a esportividade do modelo

No BMW, mesmo aspirado o motor rendia 140 cv e não deixava dúvidas sobre a esportividade do modelo

O BMW Compact chegou ao País logo depois da abertura de mercado promovida pelo governo Collor, no início da década de 1990. Mais em conta do que os grandes sedans importados até então, a  ideia era conquistar novos consumidores, que até então não tinham acesso à marca.

Nesta época, os principais shoppings centers sorteavam um ou dois modelos do carro em promoções de final de ano, o que fez muita gente comprar presentes além do que precisava somente para sonhar com a possibilidade de ganhar uma BMW. Outra moda era comprar a placa com as letras BMW e o ano de aniversário do proprietário. Era raro ver uma sem isso e os invejosos diziam que quem não tinha placa personalizada era porque havia ganhado o carro no shopping, não tinha dinheiro mas queria andar de BMW até vencer o IPVA.

Na oficina

Nos anos 2000, dupla era sonho de consumo de muitos

Nos anos 2000, dupla era sonho de consumo de muitos

A dupla alemã (apesar de um deles ter sido nacionalizada na época) hoje raramente frequenta oficinas da rede concessionária. Primeiro porque são modelos ultrapassados para os padrões oficiais e segundo porque estão nas mãos de consumidores que não têm perfil de frequentar concessionárias, por conta do custo mais elevado de mão de obra.

Assim, os consultores automotivos do Jornal Farol Alto avaliaram os modelos a partir da experiência como proprietários de oficinas de reparos automotivos, e das dificuldades que enfrentam para compra de peças de qualidade e obtenção de informação técnica para reparo dos veículos.

Turbo
A lista de defeitos normalmente encontrados nos dois modelos é extensa. O consultor Sergio Torigoe, do Centro de Diagnóstico Automotivo Torigoe, comenta que no Audi os problemas mais comuns são os módulos de ignição, trava elétrica e alarme. “O módulo de ignição é uma das peças mais caras, custa mais de R$ 2.400 na concessionária”, comenta. “Mas apesar disso, é um excelente carro, principalmente se for de um único dono”, diz.

O consultor Júlio de Souza, da SouzaCar, já teve problemas com bobinas do Audi e recomenda a troca por componente de qualidade. “Se não for de boa procedência, pode causar curto-circuito e falha no motor”, diz. Outra recomendação do reparador é trocar a bomba d’água sempre que fizer a substituição da correia dentada. “Já tive casos de a bomba travar e quebrar a correia, assim como atropelar válvulas no cabeçote. No final, vale a pena gastar um pouco mais”, diz.

Outro item que merece atenção no Audi, segundo o consultor Eduardo Topedo, da Ingelauto, é o sistema de suspensão. “O braço auxiliar dianteiro costuma apresentar folga excessiva por causa dos buracos das ruas brasileiras”, comenta. Outro defeito comum no modelo é no módulo de controle do eletroventilador do ar-condicionado e radiador. “Essa peça parece um rele e apresenta problema interno e para de funcionar”, diz.

Compact
Apesar de ter menos relatos de defeitos crônicos, o BMW não é infalível. No rol dos problemas mais comuns, destaque para a queima constante de lâmpadas de freio. “Esse tipo de carro exige o uso de peças de qualidade assegurada ou original, do contrário não funciona direito”, comenta Torigoe.

O consultor Julio de Souza, da SouzaCar, afirma que é importante fazer a troca de óleo no prazo recomendado, pois o risco de criar borra é elevado. “Como é um óleo caro, muitos deixam vencer e isso acaba prejudicando mais ainda o motor. Quando isso acontece é preciso fazer limpeza química, muito mais caro do que somente a troca”, diz.

Outro problema comum neste modelo é vazamento pela bomba d’água. “O conserto não é difícil, mas é trabalhoso, pois precisa desmontar toda a frente do carro”, diz Júlio.

 tabela consultor