Chevrolet Chevette 1989 – Adaptado para funcionar

Quem teve carro a álcool nos anos 1980 precisava de muita paciência. Com câmbio automático, era quase impossível rodar bem. Eis um milagre da injeção eletrônica

Comprado zero Km em 1989, o Chevrolet Chevette SL/E 1.6l automático é um desses veículos raros de se ver rodando pelas ruas. Com apenas 70.000 km no odômetro, o veículo ganhou diversas melhorias em relação ao projeto inicial, que permitiram tornar a condução mais prazerosa.

  • Por fora, o modelo mantém a originalidade da carroceria
  • O motor depois de instaladas as melhorias
  • A central eletrônica (ECU) do Chevrolet Corsa
  • Com câmbio automático e motor a álcool de fábrica, era quase impossível rodar com o carro
  • Bobina eletrônica de ignição
  • Virabrequim ganhou roda fônica
  • Corpo de borboleta veio da Meriva
  • Direção com assistência veio da Classe A190

Claudemir Jacoud, proprietário do Chevette, conta que era praticamente impossível dirigir o veículo. “O carro ficava encostado na garagem pois para sair com ele era preciso deixar o motor esquentando por mais de meia hora “, lembra.

Esse procedimento era necessário para que o motor atingisse a temperatura ideal de funcionamento, cerca de 100ºC, para que começasse a ter condições de dirigibilidade, pois com câmbio automático e sistema de injeção por carburador, ao engatar primeira marcha, o motor apagava.

Vale lembrar que os carros dessa época tinham um dispositivo chamado afogador, que fechava a entrada de ar do primeiro estágio para enriquecimento da mistura, mas mesmo assim o Chevette era indirigível, pois o projeto do motor era antigo demais, e nunca aceitou muito bem a adaptação para o uso do álcool.

A solução foi trocar o velho carburador por uma injeção eletrônica. Optou-se por um sistema MPFI, idêntico ao do Chevrolet Corsa, porém poderia ter sido qualquer outro modelo de injeção eletrônica. O segredo foi fazer a calibração com emulador em tempo real, procedimento que levou dois dias para ser concluído, até se obter a calibração perfeita, pois foi calibrado a temperaturas baixa, média e de uso normal de rodagem. Foi feito também calibração em plena carga, com auxílio de um dinamômetro de rolo.

A instalação da injeção eletrônica demandou a alteração em diversos componentes. O virabrequim ganhou uma roda fônica e sensor para leitura da rotação e o PMS (Ponto Morto Superior). O coletor de admissão recebeu quatro bicos injetores junto com a galeria de combustível e regulador de pressão. Foi instalado corpo de borboleta da Chevrolet Meriva, que já conta com motor de passo, sensor de posição de borboleta (TPS) e sensor de temperatura do ar, componentes rigorosamente necessários para o funcionamento do sistema de injeção eletrônica.

O filtro de ar também foi modificado para receber um sensor MAP (pressão absoluta do ar). Na saída do tanque foi instalada uma bomba elétrica, pois o sistema passou a trabalhar com pressão de 2,5 a 3 bar (monitorada pelo regulador de pressão montada na flauta). E, como não podia faltar em um sistema injetado, foi instalada uma sonda lambda no escapamento, para manter a faixa estequiométrica correta no sistema de injeção, procurando sempre trabalhar dentro do fator de correção lambda 1, a faixa ideal de queima do combustível na câmara de combustão. Vale lembrar que a mistura ideal é de 9 partes de ar para 1 de álcool.

Para verificação em oficina mecânica, é utilizado scanner normalmente, pois o mesmo lê como se fosse um Chevrolet Corsa 1.6 MPFI.

Direção
Para melhorar ainda mais o prazer de dirigir, a caixa de direção original foi substituída por uma da BMW 325 com assistência hidráulica, porém para não roubar potência do motor, optou-se pela instalação de uma bomba eletro-hidráulica da Mercedes Classe A 190.

Com estas modificações, o veículo ficou estável, econômico e gostoso de dirigir, com marcha-lenta estabilizada. Antes das alterações, o consumo era de 4 km/l na cidade, agora chega a fazer 7 km/l na cidade, e até 12 km/l na estrada.

Ficha técnica
Chevrolet Chevette
Motor: dianteiro, álcool, longitudinal, 1.6l, quatro-cilindros, 8V, injeção eletrônica (GM Corsa), 73 cv a 5.200 rpm, 12,6 Kgfm a 3.200 rpm
Câmbio: automático, 3 marchas
Direção: com assistência eletro-hidraulica
Tração: traseira
Suspensão: dianteira: independente, braços sobrepostos; traseira, eixo rígido, barra Panhart
Freios: dianteiros a disco sólido e tambor na traseira
Rodas e pneus: aço, 175/70 R13
Dimensões: comprimento, 4.193 mm; largura, 1.570 mm, altura 1.324 mm; entre-eixos, 2.395 mm, peso, 910 kg
porta-mala, 267l; tanque de combustível, 58 l
Desempenho: velocidade máxima, n/d; aceleração 0 a 100 km/h: n/d
Consumo: – estrada: 12 km/l – cidade: 7 km/l